Primeiras carruagens “made in Portugal” para a CP prontas em 2025

CP está envolvida em consórcio do PRR para fabricar novas unidades no serviço Intercidades. Caderno de encargos para comboios de alta velocidade está quase pronto.

No final de 2025 vão estar prontas as primeiras carruagens do comboio “made in Portugal” para a CP. A meta foi traçada pelo líder do consórcio que teve candidatura já assinada ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ao mesmo tempo, a transportadora também está a ultimar o caderno de encargos para a compra de comboios de alta velocidade.

Daqui a três anos vamos estar a mostrar o primeiro comboio português. Teremos pronta a produção em série de três carruagens”, salientou nesta sexta-feira Mário Florentino Duarte, presidente do conselho de administração da Sermec II, empresa que lidera o consórcio.

As três carruagens poderão ser utilizadas no serviço Intercidades da CP: uma unidade de primeira classe, uma unidade de segunda classe com bar; e uma unidade de segunda classe apenas com salão de passageiros.

As carruagens vão estar equipas com tecnologia push-pull, ou seja, composições formadas por uma locomotiva que reboca um conjunto de carruagens num sentido e as empurra no sentido contrário. Para isso, a carruagem da extremidade tem que estar equipada com uma cabina de condução para o maquinista.

A solução facilita as manobras de inversão e permite adaptar a oferta à procura: tem a “flexibilidade de uma automotora e das carruagens e das locomotivas”, salientou o presidente em exercício da CP, Pedro Moreira.

O consórcio liderado pela Sermec II conta com um total de 13 empresas e representa um investimento de 58 milhões de euros. Foi um dos primeiros 13 megaprojetos a receber os milhões das agendas mobilizadoras do PRR.

Mesmo que o comboio não seja totalmente bem sucedido, as empresas que ficarem com peças homologadas, “poderão vendê-las para qualquer operador europeu”, disse o líder da CP.

CP ultima concurso para comboios de alta velocidade

A CP assume que necessita de “750 a 800 unidades para substituir a frota até 2040”, segundo Pedro Moreira. Para isso, aguarda a entrega de 22 automotoras para o serviço regional, está a decorrer a compra de 117 automotoras para os suburbanos e regionais e ainda está a preparar a compra de unidades de alta velocidade.

“Estamos a ultimar o caderno de encargos para a compra de comboios de alta velocidade, no valor de 650 milhões de euros. Queremos estar no primeiro dia da nova linha de alta velocidade [Porto-Lisboa].” Para a alta velocidade, está prevista a aquisição de 12 unidades, com mais 14 de opção. A medida já estava prevista no Programa Nacional de Investimentos 2030 e nas Grandes Opções do Plano 2021-23.

O presidente em exercício da CP assumiu também que não consegue criar novas ligações ferroviárias porque a recuperação de passageiros está a superar as expectativas e é preciso usar todo o material circulante para corresponder à procura. No primeiro semestre, o comboio foi o único meio de transporte em que a procura superou os níveis de 2019, antes da pandemia.

“Se não tivéssemos recuperado todo o material circulante, estaríamos em completo caos”, destacou Pedro Moreira.

Iniciada no final de 2019, a recuperação de material circulante que estava encostado custou 12 milhões de euros e já pôs em circulação um total de 54 unidades, entre carruagens, locomotivas e automotoras. Este material, se tivesse sido comprado como novo, teria custado 120 milhões de euros, 10 vezes mais.

Mas a recuperação e compra de comboios em concurso podem não chegar. “Se a procura continuar a aumentar nesta proporção, vamos precisar de muito mais comboios. Daí o aumento de capacidade da nossa indústria ser tão importante”, alertou Pedro Moreira.

Para ajudar a recuperar a indústria ferroviária nacional, existe a associação Plataforma Ferroviária Portuguesa, que já conta com 100 associados, entre fabricantes, transportadoras e a academia.

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