Sem reforma, Estado vai ser um “gargalo apertado” para o crescimento, diz Rui Moreira
O país "sofre de uma crónica incapacidade de estudar, planear e executar com visão estratégia", disse ainda o autarca do Porto, na apresentação do livro "Ambição: duplicar o PIB em 20 anos" da Sedes.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta quinta-feira que se, neste momento e conjuntura, o Estado não for capaz de “fazer as suas reformas”, vai ser um “gargalo muito apertado” para o crescimento económico do país. “Num momento em que o papel do Estado se torna absolutamente crucial, se o Estado não for capaz rapidamente, agora, de fazer as suas reformas, vamos ter uma oportunidade perdida porque o Estado vai ser, mais uma vez, um gargalo muito apertado para que haja crescimento económico”, afirmou Rui Moreira.
O autarca, que discursava na apresentação do livro “Ambição: duplicar o PIB em 20 anos”, da Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, considerou que nos últimos 48 anos, o país foi desenvolvido para os insiders e não para os outsiders, considerando por insiders aqueles que “arranjaram emprego na função pública ou continuam a ter contratos de arrendamento possíveis” e por outsiders “os mais novos”.
“Nós estamos a desperdiçar os outsiders principalmente naquilo que é o Estado e depois isto alarga-se a toda a economia e aqui se explica imensa coisa, por exemplo, o facto de haver uma geração que não tem filhos”, reforçou. Defendendo que o país “sofre de uma crónica incapacidade de estudar, planear e executar com visão estratégia” e que tal se reflete nos programas de ação governativa e na definição de políticas públicas, Rui Moreira alertou para a necessidade de se encontrarem “soluções novas” que respondam aos desafios, principalmente, aos que surgem da atual “conjuntura volátil”.
“É preciso pensar o país não apenas no curto, mas também no médio e longo prazo”, considerou, dizendo que o país tem “revelado pouca ambição, muito imobilismo e algum dogmatismo ideológico” em áreas como o sistema fiscal, mercado de trabalho, segurança social, educação, saúde, justiça, indústria e reforma do Estado.
Também o presidente do Conselho Coordenador da Sedes, Álvaro Beleza, salientou que o país precisa de “mais economia”. “Portugal não tem, do ponto de vista médico, nenhuma patologia em relação a outros países da nossa dimensão, que têm um PIB maior que o nosso e salários melhores que os nossos. Essa conversa de que não é possível duplicar o PIB em 20 anos é a que nos puxa para baixo”, referiu, dizendo ser preciso um Portugal “mais democrático, justo e próspero para todos”.
Já o presidente do Conselho Consultivo da Sedes, Abel Mateus, salientou que “basta de estagnação da economia, de pobreza de 20% da população, da fuga de jovens para o estrangeiro e de mortes que se podia evitar se existisse um Sistema Nacional de Saúde eficiente”.
“Parece-me que falta em Portugal a ambição. O nosso povo habituou-se a escolher governos que mantêm o status quo, mas que não ambicionam e trazem os portugueses para um nível de vida e produtividade que merecem”, observou, destacando que o país tem de “arranjar governos competentes que façam políticas apropriadas” para que seja possível acelerar a taxa de crescimento do PIB para 3,2%.
Reforçando a necessidade do país apostar na investigação e desenvolvimento tecnológico, no conhecimento, turismo, indústria e revitalização urbana, Abel Mateus defendeu que “basta desperdiçar recursos que vêm da União Europeia”. “A bazuca vai salvar o país? Olhem para o passado. Salvou? Não. Sem políticas apropriadas e políticos competentes não conseguimos salvar o país. Basta de miséria é preciso acumular mais riqueza”, acrescentou.
A Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social apresentou, a 30 de agosto, ao Presidente da República o livro “Ambição: duplicar o PIB em 20 anos”, no qual defende um programa focado em 12 áreas de forma a acelerar a taxa de crescimento económico de Portugal, através de uma série de reformas.
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