Exclusivo Fundo de Resolução questiona Novobanco sobre venda de hotel de Vieira no Brasil

Novobanco quer vender o antigo Sheraton Reserva do Paiva à espanhola Meliá, Mas operação precisa do "ok" do Fundo de Resolução, que pediu mais esclarecimentos sobre o negócio.

O Fundo de Resolução pediu esclarecimentos ao Novobanco sobre a venda de um hotel no Recife que pertenceu ao grupo empresarial de Luís Filipe Vieira. O concurso para a venda daquela unidade hoteleira suscitou o interesse de vários candidatos e, apesar de ainda não haver uma decisão oficial, o Novobanco (que está responsável pelo fundo dos créditos e ativos do ex-presidente do Benfica) vai escolher a cadeia espanhola Meliá Hotels International em detrimento do Grupo Vila Galé, que chegou a estar à frente no leilão. Mas a operação precisa ainda da “luz verde” do Fundo de Resolução, porque este empreendimento está coberto pela garantia pública de 3,9 mil milhões associada à venda do Novobanco ao Lone Star.

Uma fonte oficial do Fundo de Resolução afirmou ao ECO que “o pedido de autorização do Novobanco relativamente à operação em causa foi remetido ao Fundo de Resolução no decurso do mês de agosto e a conclusão da análise por parte do Fundo de Resolução está dependente de esclarecimentos entretanto solicitados ao Novobanco“.

No ano passado, recorde-se, o património imobiliário da Promovalor, empresa de Luís Filipe Vieira, foi transferido para o Fundo de Investimento Alternativo especial (FIAE) Promoção e Turismo, detido pelo Novobanco. Eram, ao todo, 23 ativos imobiliários, localizados em Portugal, Espanha, Brasil e Moçambique, com um valor comercial superior a 244,3 milhões de euros, entre os quais um hotel no Recife, Brasil, o antigo Sheraton Reserva do Paiva.

Sheraton Reserva do Paiva, encerrado desde 2020, será explorado pelo Grupo Meliá.

O hotel, que ocupa uma área total de 8.800 metros quadrados, foi construído pela Promovalor e pela brasileira Odebrecht e foi explorado pelo Grupo Marriott International desde 2014 até ao verão de 2020, quando encerrou portas devido à pandemia. Entretanto, em 2021, passou, assim, a ser responsabilidade do Novobanco, como garantia das dívidas deixadas ao banco pela Promovalor.

No ano passado, a C2 Capital Partners, entidade gestora do fundo FIAE, lançou um concurso para a exploração deste hotel, tendo recebido oito propostas, tal como noticiou na altura o Jornal Económico. Ainda nessa altura, uma das propostas recebidas foi do Grupo Vila Galé, sendo mesmo a “melhor classificada”. Contudo, a operação precisa de “luz verde” do Fundo de Resolução, acionista público do Novobanco e entidade que tem a responsabilidade de gestão da garantia pública de 3,9 mil milhões de euros para cobrir perdas de ativos tóxicos do banco.

Novobanco decide rever propostas dos interessados

Desde o verão do ano passado que o Grupo Vila Galé esperava por esse “ok” do Fundo de Resolução, tendo inclusive avançado com projetos para aquele hotel, como os responsáveis da cadeia hoteleira chegaram a adiantar várias vezes à imprensa portuguesa e brasileira. A exploração do antigo Sheraton Reserva do Paiva já era, assim, tida como certa para o Vila Galé.

Contudo, o Novobanco decidiu rever as condições do concurso, dando aos interessados a possibilidade de melhorarem as ofertas que tinham apresentado inicialmente, sabe o ECO. Com isto, o Grupo Meliá acabou por melhorar a sua proposta, e ultrapassou a apresentada pelo Grupo Vila Galé.

Apesar de ainda não haver uma decisão oficial, o ECO apurou junto de fontes próximas do processo que o Novobanco vai mesmo adjudicar a exploração daquela unidade hoteleira à espanhola Meliá – que conta já com 12 hotéis no Brasil. Um dos pontos tido em conta foi o valor pedido pelas cadeias hoteleiras para explorarem o hotel. Neste caso, a proposta mais vantajosa para o banco era aquela que pedia menos dinheiro ao fundo.

O ECO questionou o Novobanco sobre o estado do processo, mas o banco recusou fazer comentários. Já do lado da C2 Capital Partners, até ao momento de publicação deste artigo não foi recebida qualquer resposta.

Já o CEO do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, lamentou este desfecho pelo tempo investido no projeto, que já era tomado como certo. “Fizemos um levantamento de tudo o que havia para corrigir. É uma pena, porque perdemos muito tempo com aquilo e fizemos projetos”, disse ao ECO. De qualquer forma, o Vila Galé ainda não foi informado oficialmente de qualquer decisão,

O Vila Galé tem atualmente dez hotéis no Brasil, onde está presente há 20 anos. O antigo Sheraton Reserva do Paiva seria a segunda unidade da cadeia portuguesa em Pernambuco, onde já tem o Vila Galé Eco Resort do Cabo, na vila de Suape.

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