Bloco de Esquerda diz que cálculos das pensões do Governo “são uma profunda aldrabice”

  • Lusa
  • 19 Setembro 2022

"O Governo mandou um papel que vale zero", disse Catarina Martins. Bloco vai requerer a audição do Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou esta segunda-feira que os cálculos das pensões que o Governo enviou ao Parlamento “são uma profunda aldrabice”, pelo que o partido vai requerer a audição do Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social.

“Acho absolutamente inaceitável que o Governo tenha dito que precisava de cortar na evolução das pensões sem nunca mostrar cálculos. E depois de o BE exigir esses cálculos, ter mandado um documento para a Assembleia da República que é ele, também, mais um truque, mais uma aldrabice“, acusou Catarina Martins. Para a dirigente bloquista, “não são cálculos nenhuns” o que está no documento enviado pelo Ministério do Trabalho.

O Governo mandou um papel que vale zero. Que diz algo como ‘se nós atualizássemos as pensões, mas não existisse inflação’. As pensões têm de ser atualizadas porque há inflação”, defendeu. A coordenadora do BE falava aos jornalista no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.

Na opinião da líder do BE, as “contas que dizem o que é que acontecia se nós atualizássemos as pensões e não existisse a inflação são só mais uma aldrabice, são só mais um truque” “é profundamente lamentável que o Governo tente justificar uma decisão política de revisão em baixa das pensões, descredibilizando a Segurança Social”.

“Está, aliás, a fazer o pior trabalho que a direita poderia imaginar, ou poderia querer. Nós vamos chamar ao parlamento o Grupo de Estudos e Planeamento da Segurança Social. Registámos que não assinou nenhuma previsão, como não podiam assinar, porque há quem na Segurança Social trabalhe, com autonomia, com independência, a fazer previsões. E estes cálculos que o Governo diz que enviou são uma profunda aldrabice, são um desrespeito para com a Segurança Social”, insistiu.

E prosseguiu: “São um desrespeito, eu diria, pela nossa inteligência. Os pensionistas não são parvos, a Assembleia de República também não. E, portanto, o Governo não pode mandar cálculos, que são uma perfeita aldrabice e esperar que a gente os aceite. Não. Queremos ouvir o Grupo de Estudos e Planeamento para ver se alguém explica as conta que o Governo ainda nunca explicou”.

Catarina Martins disse também aos jornalistas que o Governo “primeiro dizia que ia apoiar os pensionistas”, o que “é mentira”, porque “afinal vai rever em baixa a evolução das pensões”.

“Depois, dizia que em 2024 podia vir a compensar. Já se percebeu que também não há nenhuma compensação para o futuro. Disse depois que ia mandar os cálculos e não mandou os cálculos. Mandou uma folha que é uma aldrabice. (…) É ridículo, ninguém acredita nisto. É tratar os pensionistas como parvos, é tratar o parlamento como parvo, não possível, não é tolerável”, concluiu.

O primeiro-ministro rejeitou, no dia 12, ter usado de qualquer truque ao anunciar o aumento das pensões, entre este ano e o próximo, e disse que o Governo quis evitar um acréscimo de despesa permanente de dois mil milhões de euros.

António Costa sublinhou que, desde 2015, o Governo conseguiu aumentar em 26 anos a capacidade do fundo de estabilização financeira da Segurança Social, mas alertou que, se se aumentassem no próximo ano as pensões de acordo com a fórmula de cálculo em vigor, seriam perdidos 13 destes 26 anos, o que volta a referir o estudo hoje entrado no parlamento.

“O que não poderíamos fazer de forma responsável era ter um ano de inflação absolutamente extraordinário e atípico, como este, e transformá-lo num efeito permanente”, afirmou António Costa, em entrevista à TVI/CNN Portugal. O primeiro-ministro reiterou que o executivo teve duas preocupações na hora de decidir como proteger os pensionistas do aumento da inflação: garantir a recuperação do poder de compra “perdido hoje” e “garantir a sustentabilidade futura da Segurança Social”.

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