“O cartão físico é irrelevante”, diz a diretora da Mastercard

O dinheiro físico está a desaparecer, mas o cartão bancário de plástico também tem os dias contados. A "desmaterialização" dos meios de pagamento continua a transformar o negócio da Mastercard.

A frase é ousada. E, vinda da diretora da Mastercard em Portugal, é duplamente provocadora. No entanto, ilustra bem a transformação que a tecnologia tem provocado nos meios de pagamento. “O cartão físico é irrelevante, o que importa é a informação que ele dá. Existia porque era preciso, mas desmaterializou-se”, diz Maria Antónia Saldanha, em conversa com o ECO.

Por estes dias, não é só o dinheiro físico que está a cair em desuso. Também os cartões bancários de plástico começam a passar de moda. A Mastercard acredita que ainda vão durar mais uns anos, mas espera deixar de os produzir em 2050. Pagamentos eletrónicos, em 2022, fazem-se com o que estiver mais à mão: o telemóvel ou até o relógio.

De acordo com o Statista, um portal de estatísticas, existiriam cerca de 1,46 mil milhões de cartões de débito Mastercard em circulação no final de 2021. Um número que dá uma ideia da dimensão do negócio e do papel que os dispositivos móveis, e sobretudo os wearables, podem vir a ter nos pagamentos a breve trecho.

O serviço Apple Pay é um exemplo e está disponível em Portugal desde junho de 2019. “Nós fomos pioneiros a trazer o Apple Pay para Portugal”, comenta Maria Antónia Saldanha, ressalvando que foi antes da sua entrada na empresa. “Quando decidimos trazer o Apple Pay para os nossos clientes e incentivá-los a aderir, era porque, para nós, era o caminho óbvio”, atira, numa entrevista à margem do Mastercard Innovation Forum, que decorreu esta terça-feira em Lisboa.

Mas nem todos os bancos fazem parte do serviço – o Novobanco é, provavelmente, o maior banco que ainda não tem parceria com o serviço de pagamentos da Apple. Para a responsável da Mastercard, de uma forma geral, terá “a ver com dois fatores”. “Talvez não sintam que os seus utilizadores precisem, ou talvez tenham outras soluções, nomeadamente de cariz doméstico, que sintam que serve o propósito. A verdade é que todas as que aderiram estão muito satisfeitas” e a aderir também à solução alternativa, o Google Pay, assegura.

Para os utilizadores, pagar com o telemóvel e o relógio traz ainda outros benefícios. Esta semana, a Fertagus vai lançar um serviço que permite iniciar viagens só com o cartão bancário, sem recurso a passes ou outros bilhetes (o valor é imediatamente descontado da conta bancária do utente). Intuitivamente, a solução deverá permitir viajar aproximando do terminal um telemóvel ou relógio com a tecnologia Apple Pay.

É por isso que, no evento anual da Mastercard, o foco foi o comércio eletrónico e novidades como o Click to Pay, uma solução setorial que vai permitir fazer pagamentos na internet com um só clique. A empresa espera que a funcionalidade esteja disponível em Portugal no ano que vem, para reduzir a fricção na experiência de compra. Pouco se falou de cartões de plástico.

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