Feedzai avança com licença mental e menstrual

A unicórnio vai dar aos colaboradores um dia, sem redução de rendimento, para que possam dedicar-se ao seu auto-cuidado. Esta segunda-feira assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental.

A unicórnio Feedzai está a dar aos mais de 600 colaboradores um dia por mês, sem corte de salário, que podem usufruir caso estejam a debater-se com questões de saúde mental, menstruais ou menopausa. Metade dos Millennials e 75% da Geração Z deixaram os seus postos de trabalho por questões de saúde mental.

Em todo o mundo, 176 milhões de mulheres sofrem de endometriose – que resulta em dores menstruais incapacitantes. Em Portugal uma em cada 10 mulheres sofrem com este problema. “Dois tópicos tabu, que não são falados, mas devem sê-lo, porque são coisas perfeitamente normais que acontecem às pessoas”, aponta Dalia Turner, vp of people da Feedzai à Pessoas. Hoje é o Dia Mundial da Saúde Mental.

“Estamos a proporcionar aos nossos colaboradores um dia por mês, caso tenham quaisquer sintomas ligados a questões de saúde mental, menstruação ou menopausa, que estejam a impactar o seu trabalho”, explica Dalia Turner.

“Os colaboradores não têm em nenhum momento de informar qual o motivo pelo qual vão tirar o dia, nem de apresentar uma justificação médica. Não têm de pedir, têm de nos informar que vão tirar o dia. É uma aprovação automática”, reforça a responsável de RH da startup unicórnio.

Todos nós — se falarmos com algum amigo ou colega — conhecemos alguém com um ciclo menstrual difícil, que lhes causa preocupação, ou alguém mais velho que se debate com os sintomas associados da menopausa ou alguém que sofre muito stress por questões relacionadas com o trabalho ou com situações da sua vida pessoal. Todos nós temos isso, mas não falamos sobre isso. E tem de ser falado.

Dalia Turner

Vp of People Feedzai

Para usufruir deste benefício, os colaboradores têm apenas apenas que informar os RH ou a suas chefias diretas. “Podem informar os RH ou os seus gestores. Preferíamos que fosse ao gestor porque queremos um ambiente aberto e franco, mas estamos cientes que vai haver pessoas, homens ou mulheres, que não se irão sentir confortáveis em falar sobre estes temas diretamente com os seus gestores”, reconhece Dalia Turner.

Saúde mental: é um hot topic com a pandemia

O tema da saúde mental ganhou visibilidade durante a pandemia em todo o mundo e na startup unicórnio foi um assunto ao qual estiveram atentos.

“No que toca à saúde mental, à medida que fomos atravessando a pandemia da Covid tivemos alguns momentos em que inquirimos os colaboradores para saber como estavam. Detetamos que, em alguns públicos, havia um certo ‘embaraço’ pelo facto de se estarem a debater, não queriam dizer que estavam a achar difícil esse momento. Tivemos muitas conversas com os colaboradores sobre como isso era normal, que, tendo em conta tudo o que estava a ocorrer, as pessoas precisassem de um apoio adicional”, lembra a vp of people. “Na época tínhamos o nosso Employee Assistance Program – que continuamos a ter – permitindo às pessoas ter alguém com quem falar.”

Agora a companhia está a dar mais um passo e a atribuir um dia por mês para que os colaboradores não só possam usa-lo em prol da sua saúde mental, mas também caso estejam a sofrer com sintomas de menstruação ou menopausa.

“Todos nós – se falarmos com algum amigo ou colega – conhecemos alguém com um ciclo menstrual difícil, que lhes causa preocupação, ou alguém mais velho que se debate com os sintomas associados da menopausa ou alguém que sofre muito stress por questões relacionadas com o trabalho ou com situações da sua vida pessoal. Todos nós temos isso, mas não falamos sobre isso. E tem de ser falado”, argumenta Dalia Turner.

Mais de metade da população mundial — porque as mulheres são 51% da população mundial — tem menstruação, lida com Síndrome Pré-Menstrual ou, em determinada fase da vida, com a menopausa. Nem todas precisam de tirar o dia, mas algumas sim. (…) Há que ter esta conversa para que se torne normal. Vou ser clara, não penso que toda a gente se vá sentir confortável em usar este dia. A única coisa que podemos fazer na Feedzai é dar-lhes essa opção.

Dalia Turner

Vp of People Feedzai

“São dois tópicos ‘tabu’, que não são falados, mas devem sê-lo, porque são coisas perfeitamente normais que acontecem às pessoas. É perfeitamente normal que indivíduos que, com quaisquer destes sintomas, estejam a sofrer ao ponto de isso impactar o seu trabalho”, refere.

“Mais de metade da população mundial – porque as mulheres são 51% da população mundial – tem menstruação, lida com Síndrome Pré-Menstrual ou, em determinada fase da vida, com a menopausa. Nem todas precisam de tirar o dia, mas algumas sim”, constata.

“Há que ter esta conversa para que se torne normal. Vou ser clara, não penso que toda a gente se vá sentir confortável em usar este dia. A única coisa que podemos fazer na Feedzai é dar-lhes essa opção”, destaca.

Os números dão conta da dimensão. A Feedzai recorda dados de um inquérito da Harvard Business Review, em que metade dos Millennials e 75% da Geração Z deixaram, voluntária ou involuntariamente, os seus postos de trabalho no passado por motivos associados à saúde mental, comparando com 34% dos inquiridos.

Licença menstrual: uma em cada dez portuguesas sofre de endometriose

E no que toca à endometriose – condição que provoca dores menstruais incapacitantes –, de acordo com dados da Organização Mundial de Endometriose, existem 176 milhões de pessoas que sofrem com a doença em todo o mundo. Em Portugal, uma em cada dez mulheres debate-se com esta condição, aponta a Feedzai.

“Por isso, é muito importante que estejamos a oferecer um ambiente em que os nossos colaboradores possam dar o seu melhor e que, quando está a acontecer algo na sua vida que está a ser um obstáculo, que se sintam apoiados e com capacidade para dizer: preciso de ajuda. E preciso de ajuda na forma de um dia para ou recuperar ou de ter um dia para si para lideram com o que quer que se esteja a passar”, destaca Dalia Turner.

O tema da licença menstrual ganhou visibilidade recentemente quando, em Espanha, o Governo aprovou em maio uma nova lei que inclui a atribuição de baixa por doença incapacitante devido a dores menstruais (de três a cinco dias), cujo pagamento será assumido totalmente pela Segurança Social.

Em Portugal, precisamente em maio, a proposta do PAN – que propunha a atribuição de uma licença, até três dias por mês, para pessoas que sofrem de dores graves e incapacitantes durante o período menstrual, sem “perda de quaisquer direitos, salvo quanto à retribuição” – foi chumbada no Parlamento.

A dispensa do trabalho durante o período menstrual – até dois dias em cada mês – chegou a estar contemplada em vários contratos coletivos de trabalho, mas com as alterações impostas pelo Código de Trabalho em 2012 (artigo 250.º) estas dispensas passaram a ser consideradas ilegais, como lembra Fátima Messias, da CGTP, à CNN.

Semana de 4 dias repete em agosto

No sentido de atribuir benefícios que promovam o bem-estar dos colaboradores, a Feedzai voltou a avançar este agosto com a semana de 4 dias, embora com alguns ajustes, tal como avançou a Pessoas. “Continuamos a avaliar o nosso modelo. Mas é um benefício que vamos continuar a oferecer todos os agostos”, garante Dalia Turner.

E, assim, agosto de 2023 será o terceiro ano em que a startup unicórnio volta a repetir a iniciativa. Para o ano, e apesar do atual clima de retração do mercado de capitais, que tem levado muitas startups a reduzir equipas ou abrandar contratações, a companhia conta manter o ritmo de angariação de talento.

“Os planos para 2023 é continuar a crescer a companhia. Vamos continuar a contratar em Portugal e no mundo“, garante Dalia Turner, sem adiantar números.

Nos últimos três meses, a Feedzai contratou 98 pessoas a nível mundial (um aumento de 104% face ao ano passado). E tem ainda 45 ofertas em aberto a nível mundial.

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