Emissões de gases poluentes vão aumentar mais de 10% em 2030, estimam as Nações Unidas
As Nações Unidas consideram que esforços para reduções emissões de gases têm sido "lamentavelmente inadequados" e, por isso, apelam a uma "rápida transformação das sociedades".
À medida que o prazo para atingirmos os níveis zero de emissões de carbono se aproxima, a Organização das Nações Unidas (ONU) admite não estar otimista e que mesmo que os governos se mantenham fiéis aos compromissos ambientais, as emissões de gases com efeito estufa (GEE) vão aumentar 10,6% até 2030, quando comparados com os níveis de 2010.
Num relatório divulgado esta quarta-feira, a ONU alerta que será necessária uma redução de 43% até 2030 para limitar o aquecimento global em 1,5º C em comparação com o período pré-industrial. No entanto, “não existe nenhum caminho credível definido” que permita que esse objetivo seja concretizado. A única forma de contrariar essa degradação seria uma “rápida transformação das sociedades”.
“Enquanto os impactos climáticos se intensificam, o Emissions Gap Report 2022: The Closing Window – Climate Crisis apela a uma rápida transformação das sociedades e alerta que o mundo ainda está aquém das metas climáticas de Paris, sem nenhum caminho credível definido que permita limitar a temperatura em 1,5°C. Somente uma transformação urgente em todo o sistema pode evitar um desastre climático”, lê-se no documento.
O relatório surge a menos de duas semanas do arranque da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas de 2022 (COP27) que este ano decorre no Egipto, entre 6 a 19 de novembro. Na última edição, os líderes mundiais chegaram a um acordo para aumentar os contributos para a redução de emissões até 2030, mas segundo as Nações Unidas os esforços têm sido “lamentavelmente inadequados”. “A maioria dos países do G20 só começou agora a implementar os esforços para atingir os objetivos de forma coletiva”, refere a entidade, acrescentando estar à espera que os trabalhos “fiquem aquém” das necessidades.
Para entrar no caminho certo para cumprir a meta do Acordo de Paris, as economias mundiais precisam de reduzir os GEE para “níveis sem precedentes nos próximos oito anos”, defende a organização liderada por António Guterres.
Níveis de gases com efeito de estufa na atmosfera com novos recordes
Os níveis dos principais gases com efeito de estufa na atmosfera registaram novos recordes em 2021, indica um relatório publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que alerta especialmente para um aumento sem precedentes da concentração de metano.
Os níveis de metano na atmosfera registaram o seu maior aumento anual desde que a sua presença começou a ser medida sistematicamente há quase 40 anos e, de acordo com a OMM, que diz não ser ainda claro o motivo, pode dever-se a uma combinação de causas naturais e à atividade humana.
Diz a organização que o aumento dos níveis de metano acontece principalmente em zonas tropicais e, sobretudo, em zonas pantanosas, onde o aquecimento global poderá estar a acelerar a decomposição da matéria orgânica, aumentando assim as emissões de metano.
Outras fontes importantes de metano são culturas de arroz e as explorações pecuárias, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em conferência de imprensa citada pela agência Efe.
Os níveis de dióxido de carbono – o principal gás com efeito de estufa responsável por 80% do aquecimento global – aumentaram entre 2020 e 2021 acima da média da última década, e as medições feitas nos últimos meses sugerem que este aumento continuou em 2022.
De acordo com Petteri Taalas, os cortes de emissões observados em muitos países – tanto permanentes como devido aos confinamentos provocados pela pandemia de covid-19 – não se refletiram até agora na atmosfera.
Os níveis de óxido nitroso, o terceiro gás mais importante em matéria de alterações climáticas, também continuaram a aumentar.
Em 2021, as concentrações de dióxido de carbono eram de 415,7 partes por milhão (ppm), as concentrações de metano eram de 1.908 partes por mil milhões (ppmm) e as concentrações de óxido nitroso eram de 334,5 ppmm, que são respetivamente 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.
O documento apresentado hoje (a OMM irá divulgar outro) servirá de base para as discussões na próxima cimeira do clima (COP27), que se realiza em novembro na cidade egípcia de Sharm El Sheikh.
A OMM advertiu que o aumento dos níveis de gases com efeito de estufa mostra que o mundo continua na direção errada e indica mais uma vez que é necessária mais ambição para conter as alterações climáticas.
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