Taxa de juro dos Certificados de Aforro salta para 2,5% em novembro

Perante a subida acentuada da remuneração, os portugueses estão a colocar as poupanças em Certificados de Aforro a um nível recorde. Em setembro foram mais de 700 milhões de euros.

Os portugueses estão a aproveitar a subida das taxas de juro para investir nos Certificados de Aforro a um ritmo recorde, uma aposta certeira tendo em conta o novo aumento expressivo na remuneração destes produtos de poupança do Estado.

Segundo os cálculos do ECO, os Certificados de Aforro subscritos em novembro vão pagar uma taxa de juro bruta de 2,492%, o que corresponde a uma remuneração líquida de 1,79% (taxa liberatória de 28%). Em outubro, a taxa tinha superado os 2% pela primeira vez em 10 anos, atingindo agora um novo máximo à boleia do aperto da política monetária do Banco Central Europeu.

A taxa é determinada todos os meses pelo IGCP e corresponde à média dos valores da Euribor a 3 meses observados nos dez dias úteis anteriores ao antepenúltimo dia útil do mês, acrescida de um ponto percentual. O prazo que interessa para fixar o valor em vigor em novembro terminou esta quarta-feira, apontando para uma taxa de 2,492% (média de 1,492% adicionada de 1%).

A Euribor a 3 meses avançou esta quarta-feira pela sexta sessão consecutiva, fixando-se em 1,578%, o que representa um novo máximo desde novembro de 2011. Em maio deste ano este indexante estava em -0,41%, pelo que em menos de seis meses deu um salto mais de dois pontos percentuais, refletindo o aperto da política monetária do BCE para combater a inflação. Esta quinta-feira o banco central deve aumentar a taxa depósitos de 0,75% para 1,5%, o valor mais elevado desde 2008.

A remuneração dos Certificados de Aforro tem subido ao mesmo ritmo, tornando este produto como (de longe) a melhor aplicação entre as opções de capital garantido. Sobretudo comparando com os depósitos bancários, que continuam com remunerações encostadas a 0% apesar da subida de juros do BCE.

Depois de vários anos estagnada abaixo de 0,5%, a taxa bruta dos Certificados de Aforro superou esta fasquia em abril, passou 1% em agosto, os 2% em outubro e vai agora encostar-se a 2,5% em novembro. Esta taxa vai beneficiar quem subscrever estes produtos no próximo mês, mas também quem comprou em agosto, maio e nos ciclos de três meses anteriores.

As perspetivas são favoráveis para mais subidas da taxa dos Certificados de Aforro, uma vez que o BCE deverá continuar a endurecer a política monetária para combater a inflação. As previsões dos economistas apontam para uma taxa dos depósitos de 2% no final deste ano e em redor de 2,5% em 2023.

Se este cenário se confirmar, a Euribor a 3 meses vai acompanhar este movimento, sendo por isso expectável que atinja a taxa máxima de remuneração, fixada em 3,5%. Isto se o Governo não alterar as regras de remuneração deste popular produto de aforro para os portugueses.

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Subscrições recorde em setembro

Esta melhoria substancial na remuneração dos Certificados de Aforro não está a passar ao lado dos portugueses, sendo até evidente uma deslocação de poupança dos depósitos para estes produtos.

Os dados revelados pelo IGCP mostram que o montante aplicado em Certificados de Aforro atingiu em setembro 14,6 mil milhões de euros, o que representa o valor mais elevado desde março de 2011.

Só em setembro as subscrições líquidas (subscrições menos resgates) atingiram 702 milhões de euros, o que representa o valor mensal mais elevado desde século (IGCP disponibiliza dados desde 2000). Agosto já tinha sido um mês muito forte (627 milhões de euros), sendo que deste o início do ano o saldo aplicado em Certificados de Aforro já aumentou 2,1 mil milhões de euros.

Em sentido inverso, os Certificados do Tesouro, com uma remuneração bem mais reduzida, perderam 1,3 mil milhões de euros, embora o saldo ainda permaneça mais elevado (16,6 mil milhões de euros).

O forte volume de subscrições de Certificados de Aforro já é visível no volume de depósitos, que em agosto e setembro interromperam a tendência de aumento mensal que tem sido a regra nos últimos anos. Em setembro os depósitos encolheram 100 milhões de euros para 181,3 milhões de euros, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal. Em agosto já tinham descido 1,3 mil milhões de euros, uma redução habitual no mês em que os portugueses aumentam as despesas devido às férias.

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Os Certificados de Aforro têm um prazo de dez anos, um mínimo de subscrição de 100 euros (100 unidades a 1 euro cada) e um máximo de 250 mil euros. Os juros são capitalizados a cada três meses, com a taxa a ser alterada no fim de cada período. Podem ser subscritos nos balcões dos CTT, nos Espaços Cidadão e através do site AforroNet.

 

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