Dificuldades em pagar empréstimo? Reestruture apenas “se for absolutamente imprescindível”, aconselha presidente do BCP

Subida das taxas de juro está a criar dificuldades às famílias no pagamento dos empréstimos. Precisa de reestruturar? “Só se for absolutamente imprescindível”, aconselha presidente do BCP.

A subida agressiva das taxas de juro está a colocar muitas famílias em dificuldades no pagamento dos empréstimos à banca. O Governo prepara medidas para aliviar esta pressão, ao agilizar os processos de renegociação dos créditos. Mas o presidente do BCP, Miguel Maya, tem um conselho: “Apenas solicite a reestruturação se for absolutamente imprescindível”.

O responsável adiantou que o banco estará disponível para apoiar os clientes em dificuldades com as “soluções mais adequadas” para assegurar que não entram em incumprimento.

Contudo, sinalizou de seguida, “é um risco elevado para os clientes pensarem que isto é for free [de graça], que não vai ter consequências” no futuro.

Em causa está o facto de o cliente cujo crédito for reestruturado passar a estar marcado no sistema. Quando quiser pedir dinheiro ao banco no futuro, esta reestruturação vai constar no seu histórico, o que poderá dificultar a obtenção de um novo financiamento.

Não é irrelevante para quem [do banco] aprecia esse pedido de crédito o facto de saber que, mesmo num contexto de taxa de juro que permanece baixo, tenha sido necessário fazer uma reestruturação”, explicou na conferência de apresentação dos resultados do BCP até setembro, que subiram 63% para 97 milhões. “Qualquer gestor rigoroso e diligente tem em conta o histórico do cliente”, sinalizou.

Miguel Maya adiantou que o banco já tem capacidade para apresentar soluções aos clientes em dificuldades através dos regimes existentes do PARI e PERSI – de prevenção do incumprimento e de regularização do incumprimento, respetivamente – e não precisa das medidas do Governo. Mas também não vê inconveniente que se crie “um quadro adicional”, embora manifeste preocupação que “possa criar os incentivos errados que levem a comportamentos errados”.

Se for para corrigir situações de clientes que se endividaram em crédito pessoal noutros bancos e, agora, o BCP, porque é onde tem o crédito à habitação, é que vai pagar porque a taxa de esforço subiu, isto não faz sentido nenhum. É absolutamente despropositado”, atirou.

“Como é que vamos tratar um cliente que tem uma taxa de esforço superior porque a taxa de juro subiu ou porque até tinha uma taxa fixa, mas, entretanto, contraiu mais dez créditos noutros bancos?”, questionou. Miguel Maya diz que quer conhecer o diploma, pois há muitos fatores a ter em consideração neste tema.

O gestor assegurou, ainda assim, que o BCP “estará à altura de encontrar uma solução” se as dificuldades “tiverem a ver com o endividamento que o cliente tem no banco e o crescimento da prestação está a comprometer a vida digna das pessoas”.

De acordo com as simulações do ECO, um empréstimo de 150 mil euros poderá ver a prestação agravada até 230 euros (subida de 50%) se o contrato for revisto no próximo mês.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Dificuldades em pagar empréstimo? Reestruture apenas “se for absolutamente imprescindível”, aconselha presidente do BCP

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião