Entrada de acionista no Banco CTT “não pode ser feita abaixo do justo valor”

  • Lusa
  • 14 Novembro 2022

Maxyield - Clube dos Pequenos Acionistas defendeu que a entrada de novos acionistas no Banco CTT "não pode ser feita abaixo do justo valor".

A Maxyield – Clube dos Pequenos Acionistas defendeu esta segunda-feira que a entrada de novos acionistas no Banco CTT “não pode ser feita abaixo do justo valor” e que a operação da Tranquilidade/Generali Seguros reflete “nova desvalorização” com “consequências irreparáveis”.

Esta é uma das conclusões da análise da Maxyield, registada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A Maxyield manifesta as suas preocupações com o “fraco desempenho empresarial e desalinhamento com interesses de longo prazo dos CTT” e que “a negociação da entrada de novos acionistas nas empresas subsidiárias do grupo CTT não pode ser feita abaixo do justo valor“.

O Clube dos Pequenos Acionistas sublinha que “causa muitas dúvidas a venda pelo Banco CTT, no dia 08 de julho de 2022, da Pay Shop aos CTT, após esta subsidiária ter sido transferida na sua totalidade, em 04 de janeiro de 2018, para o universo da entidade bancária a título de aumento de capital social no montante de 6.400.000 euros, com o valor de emissão de um euro, sendo que a sua ‘concretização está ainda dependente da assinatura do contrato com o comprador e da não oposição do regulador, que se espera que venha a ocorrer no prazo de um ano'”, lê-se no documento.

Além disso, “causa igualmente surpresa as condições de subscrição de um aumento de capital da subsidiária bancária, reservado de 25 milhões de euros pela Tranquilidade/Generali Seguros anunciadas após a apresentação de resultados trimestrais dos CTT e antes da apresentação de contas do terceiro trimestre pelo grupo Banco CTT, com previsão da conclusão da transação antes do final de 2023”.

Em 07 de novembro foi anunciado que a Tranquilidade/Generali Seguros tinha comprado 8,71% do Banco CTT através de um aumento de capital de 25 milhões de euros. No final de junho, prossegue, o Banco CTT “dispunha de 296,4 milhões de ações, todas com o valor de emissão de um euro, sendo que o capital próprio” totalizava “245,63 milhões de euros, ao qual corresponde o valor contabilístico de 0,83 euros por ação”, refere.

O último aumento de capital do Banco CTT foi realizado em 2021 pelos CTT “no quantitativo de 10 milhões de ações pelo valor unitário de emissão de um euro”.

Ora, na operação anunciada “a Tranquilidade/Generali Seguros ficará com 8,71% que representa 28,3 milhões de ações do novo capital no quantitativo de 324,7 milhões de títulos, pelo que o valor unitário a pagar pelas ações a subscrever é de 0,88 euros”, o que “significa um ‘price-to-Bbook value’ de 1,06 baseado no capital próprio do Banco CTT a 30 de junho” deste ano.

“Estamos perante uma nova desvalorização do Banco CTT, com consequências irreparáveis, contrariando tudo o que tem sido dito pelos seus responsáveis, sendo que este acordo demonstra que não tem atraído investidores bancários interessados numa participação no banco”, critica a Maxyield.

Além disso, aponta, “esta dita parceria, dita estratégica, vai gerar nos próximos seis anos pagamentos fixos anuais ao Banco CTT de 1,5 milhões de euros e à empresa CTT de 166,7 mil euros” e “como os CTT distribuem presentemente seguros de outras companhias, lamenta-se que nada tenha sido dito sobre a forma de desenvolvimento futuro da atividade seguradora na sua rede de lojas e forma de compensação pela perda de rendimentos atuais com a substituição de seguros a distribuir”.

A associação de defesa dos investidores considera ainda que “a canibalização de negócios no grupo CTT, designadamente entre o grupo Banco CTT e os serviços financeiros tradicionais, assim como na relação do correio físico com os negócios Expresso & Encomendas e ‘e-commerce’, deve merecer maior e melhor atenção”.

Apesar “da subestimação e desvalorização a que tem sido sujeito o negócio tradicional (correio e serviços financeiros & retalho), este continua a ser determinante para o desempenho empresarial do universo CTT, representando 75% do EBIT [resultado operacional] recorrente gerado” no final de setembro.

Além disso, “recordamos a existência de fortes indícios de subsidiação cruzada na utilização das lojas dos CTT pelo Banco CTT, com impacto na transparência nas demonstrações financeiras, sendo que este aspeto deve ser objeto de análise antes da conclusão da transação de abertura do capital do Banco CTT”, aponta.

Para a Maxyield – Clube dos Pequenos Acionistas, “é questionável o alinhamento da gestão com os interesses de longo prazo dos CTT, visando a sustentabilidade da companhia, determinante para a remuneração variável LP dos membros da Comissão Executiva, sendo que o processo de composição do novo Conselho de Administração a eleger na próxima assembleia-geral, não pode ignorar ou subestimar este assunto”.

Considera ainda “incompreensível a ausência de explicação para os extravios, danos nos objetos e erros nas entregas contribuírem para indemnizações a clientes num montante superior a 1,2% dos rendimentos de Expresso & Encomendas”.

Ao longo de mais de uma dezena e meia de pontos, a associação elenca as suas preocupações e avisa que vai transmitir aos reguladores CMVM e Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) as mesmas.

“Cabe divulgar que este clube de investimento tem encontrado disponibilidade na obtenção de esclarecimentos pela generalidade das sociedades cotadas, não se tendo verificado relativamente aos CTT idêntica abertura”, remata.

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