“Não agir terá custo recessivo maior do que subir juros”, diz Centeno

Governador do Banco de Portugal alerta que cenário prolongado de inflação poderá levar à perda de confiança dos agentes económicos e a uma recessão. Deixou recados aos bancos.

Mário Centeno defende a atuação do Banco Central Europeu (BCE) na subida das taxas de juro para controlar a escalada da inflação e considerou que “não agir teria um custo recessivo maior”. Também pediu aos bancos para serem ativos no acompanhamento dos clientes em dificuldades e prudentes na conservação de capital.

O governador do Banco de Portugal alertou que “um cenário prolongado de inflação trará incerteza, perda de confiança dos agentes económicos e uma inevitável recessão”. Por isso, “a inação não é uma opção”, defendeu o responsável na conferência Banca do Futuro, organizada pelo Jornal de Negócios.

“O papel do BCE é muito claro neste domínio, o objetivo é trazer inflação para 2% no médio prazo”, prosseguiu Mário Centeno, mostrando-se crente de que “no médio prazo, o objetivo será alcançado”. Em outubro, a taxa de inflação anual na zona do euro bateu recordes, atingindo 10,7% e, de acordo com as previsões da Comissão Europeia deverá terminar o ano nos 8,5%, para depois desacelerar para 6,1% em 2023.

“Se não controlarmos a inflação, o comportamento dos agentes económicos induzirá uma recessão. E a inflação eliminará os ganhos significativos nos salários, empregos e poupanças nos últimos anos”, frisou Centeno.

O governador destacou ainda o impacto que a elevada inflação e o aumento abrupto das taxas de juro podem ter no sistema bancário. “No curto e médio prazo, as taxas de juro estruturalmente mais elevadas deverão ter um efeito favorável sobre a margem financeira, potenciarão uma maior diversificação da carteira de dívida pública, mas também poderão resultar na desvalorização da carteira de ativos. Não deve ser descurada a pressão adicional sobre a margem financeira que as taxas de juro mais elevadas colocam nos custos de financiamento de mercado dos bancos, em particular no âmbito do cumprimento do requisito mínimos de fundos próprios e passivos elegíveis”, disse.

A seguir pediu aos banqueiros que sejam ativos na avaliação da capacidade de cumprimento dos contratos por parte dos clientes e prudentes no provisionamento e conservação de capital para se protegerem face a um cenário mais adverso.

Ainda assim, disse que “não se espera um aumento abrupto no risco de crédito que ponha em causa a estabilidade do sistema financeiro”.

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