Economia europeia abranda para 0,3% em 2023, prevê Bruxelas

Comissão Europeia prevê recessão no último trimestre do ano, mas evolução do PIB da União Europeia e da Zona Euro deve mesmo assim crescer em 2023.

As economias da Zona Euro e da UE abrandam para 0,3% em 2023, prevê a Comissão Europeia, depois de um crescimento de 3,2% e de 3,3%, respetivamente, este ano. Nas previsões de Outono divulgadas esta sexta-feira, o executivo comunitário prevê-se que o crescimento económico recupere progressivamente em 2024 com uma média de crescimento de 1,6% na UE e 1,5% na área do euro.

Este ano, Bruxelas aponta que “a incerteza elevada, altas pressões sobre os preços da energia, erosão do poder de compra das famílias, ambiente externo mais fraco e condições de financiamento mais apertadas devem inclinar a UE, a região do euro e a maioria dos Estados-membros para recessão no último trimestre do ano”, lê-se no comunicado. Ainda assim, “o potente dinamismo a partir de 2021 e o forte crescimento no primeiro semestre do ano devem impulsionar o crescimento real do PIB em 2022 como um todo para 3,3% na UE (3,2% na área do euro)”.

Evolução do PIB

Fonte: Comissão Europeia (Variação em percentagem)

Comparativamente com as previsões de Verão, publicadas em meados de julho, Bruxelas revê em alta as perspetivas de crescimento para este ano, depois de um desempenho acima do esperado no primeiro semestre, projetando agora que o Produto Interno Bruto (PIB) progrida 3,2% na zona euro e 3,3% na UE – quando há quatro meses previa crescimentos de 2,6% e 2,7% respetivamente.

Ainda assim, a Comissão alerta que a economia europeia entrou numa fase “muito mais desafiante”. “Os choque provocados pela agressão russa à Ucrânia, estão a abalara a procura global e a reforçar as pressões inflacionistas a nível global”, refere a Comissão, recordando que a “UE está entre as economias avançadas mais expostas devido à sua proximidade geográfica à guerra e elevada dependência das importações de gás russo”.

A Comissão admite que os níveis de inflação mais elevados do que o esperado nos dez primeiros meses do ano e as pressões nos preços mais amplas deverão ter feito avançar o pico da inflação para o final do ano. Recorde-se que o governador do Banco de Portugal tinha referido que o pico da inflação tinha sido atingido no verão. Mas o comportamento dos preços, mais pressionado pelo lado da procura e já não da oferta tem levado o Banco Central Europeu a optar por subidas “jumbo” da taxa diretora para travar uma inflação que deverá chegar aos 8,5% este ano na zona euro e de 9,3% na União Europeia, segundo as novas previsões de outono.

A expectativa é de que a inflação desacelere para 6,1% na zona euro e 7% na UE, em 2023, ainda assim muito acima da meta de inflação perto de 2% definida pelo BCE. Só em 2024 a Comissão aponta para uma taxa de 2,6% na zona euro e de 3% na UE. Estas novas previsões representam uma revisão em alta de quase um ponto percentual este ano e de dois pontos no próximo, reflexo dos preços grossistas mais elevados do gás e da eletricidade, que acabam por exercer pressão no retalho assim como na maior parte dos produtos e serviços que integram o cabaz básico dos consumidores.

A crise energética está, portanto, a erodir o poder de compra dos consumidores e a pesar nos fatores de produção, o que leva a uma quebra acentuada do sentimento económico, o que justifica a revisão em baixa do crescimento para o próximo ano, mesmo que as perspetivas para o mercado de trabalho se mantenham resilientes. A Comissão antecipa que a taxa de emprego na UE e zona euro seja de 1,8% este ano — depois de o nível da população empregada ter atingido em setembro um recorde histórico de 213,4 milhões de pessoas empregadas — mas depois estagne em 2023 (na zona euro deverá crescer 0,1%). Já a taxa de desemprego deverá subir ligeiramente na zona euro: 6,8% este ano e 7,2% em 2023, para depois descer para 7% em 2024.

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