Barril de petróleo russo limitado a 60 dólares após acordo entre G7 e Austrália
Após acordo alcançado pela União Europeia, os países do G7, juntamente com Austrália, concordam com um limite de preço de 60 dólares por barril para o petróleo russo. Moscovo repete que não aceita.
Os países do G7, juntamente com a Austrália, concordaram com um limite de preço de 60 dólares por barril para o petróleo russo, após um acordo alcançado pelos 27 Estados-membros da União Europeia, refere um comunicado conjunto.
Após várias rondas de negociações de última hora, a presidência da União Europeia (UE), ocupada pela República Checa, tinha anunciado na rede social Twitter que “os embaixadores acabaram de chegar a um acordo sobre o preço máximo do petróleo marítimo russo”. Após ter insistido em manter o limite em valores mais baixos, a Polónia acabou por ceder e aprovar esta proposta, que foi defendida por vários países.
A Europa precisava de definir o preço com desconto que vários países deveriam pagar até segunda-feira, quando entram em vigor um embargo da UE ao petróleo russo enviado por via marítima e a proibição de seguro para esses bens.
O tecto de preços, que já tinha sido definido pelo G7, o grupo das sete democracias mais ricas, estava dependente de Varsóvia, que depois de ter dado “luz verde” permitiu primeiro o acordo dentro da UE e depois entre os restantes países do G7 e a Austrália.
Com esta decisão, Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, Itália, França e Alemanha, que detém a presidência rotativa do G7, pretendem impedir que a Rússia “beneficie com a sua guerra de agressão contra a Ucrânia”, realçaram no comunicado conjunto com a Austrália.
Além disso, a medida visa “apoiar a estabilidade nos mercados globais de energia e minimizar os efeitos económicos da guerra de agressão russa, especialmente para países com baixo e médio rendimento”.
Valor alto demais?
O valor de 60 dólares (cerca 57 euros) por barril define um limite próximo ao preço atual do petróleo bruto da Rússia, que recentemente caiu abaixo deste valor. Alguns países consideram que o valor é alto demais para ter efeito real nas receitas de energia da Rússia, mas reconhecem que já representa um significativo desconto face aos 87 dólares do barril de Brent.
Ainda assim, o mercado global vai sofrer pela diminuição de petróleo russo, numa altura em que a Europa se prepara para uma grave crise energética no próximo inverno, com diversos governos a enfrentar protestos contra o aumento do custo de vida.
Os custos do petróleo e do gás natural dispararam depois de a procura ter recuperado dos efeitos da pandemia de Covid-19, em grande parte devido à invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro, que desestabilizou os mercados de energia.
Perante as sanções ocidentais contra Moscovo, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que não venderia petróleo sob limites de preço e que retaliaria contra as nações que implementassem a medida. Este sábado, o porta-voz da Presidência, Dmitry Peskov, garantiu que o país “não aceitará” um teto máximo para o preço do seu petróleo, citado pela Agência France Presse (AFP).
No entanto, a Rússia já redirecionou grande parte do seu abastecimento para a Índia, China e outros países asiáticos, a preços com descontos, para compensar os cortes de aquisição por parte da Europa.
A Rússia também pode ainda vender petróleo contornando as sanções, usando navios-tanque de “frota negra”, cujas bandeiras não estão identificadas, ou transferindo petróleo entre navios, misturando-se com o de outras proveniências, para disfarçar a sua origem.
Contudo, mesmo nessas circunstâncias, os limites impostos a Moscovo fazem com que seja “mais caro, demorado e complicado” para a Rússia vender petróleo, explicou Maria Shagina, especialista em sanções económicas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Berlim.
Do lado dos EUA, a Casa Branca já felicitou esta decisão, acreditando que ela vai prejudicar seriamente os interesses de guerra de Moscovo. Contudo, são várias as vozes críticas vindas do outro lado do Atlântico, na apreciação a esta decisão de Bruxelas.
Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais, em Washington, defende que os limites de preços deveriam ter sido aplicados quando o preço do petróleo estava a oscilar à volta de 120 dólares por barril, neste verão.
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