Alexandra Reis negociou rescisão que negou a pilotos da TAP, diz sindicato

Sindicato dos Pilotos diz que rescisão por mútuo acordo da antiga gestora da TAP teve "contornos bem diferentes" dos que foram aplicados à classe.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) contesta, num comunicado aos associados, a indemnização paga a Alexandra Reis para deixar a TAP, sublinhando que conseguiu para si condições que negou aos trabalhadores.

Parece óbvio que se terá tratado de uma rescisão por mútuo acordo, que teve contornos bem diferentes daqueles que se aplicaram a outros colegas, nomeadamente aos pilotos que representamos, curiosamente pela mão da mesma pessoa, agora em causa nesta indemnização, quando justamente detinha o pelouro dos recursos humanos nesse período”, afirma o comunicado a que o ECO teve acesso.

O teto nas indemnizações “foi aplicado a muitos pilotos”, mas “terá caído apenas depois do processo forçado de rescisões por mútuo acordo, que foi infligido à nossa categoria profissional”, acrescenta o SPAC, notando a “percepção da notória dualidade, na forma de tratamento entre funcionários da mesma empresa, com claro benefício para os que têm muito menos anos de serviço prestados à TAP”.

A agora secretária de Estado do Tesouro entrou para a comissão executiva da companhia aérea em outubro de 2020, assumindo vários pelouros, entre eles o dos Recursos Humanos. Coube-lhe a aplicação do plano de restruturação que levou à saída de cerca de 2.000 trabalhadores e elevados cortes salariais. Em fevereiro, a TAP anunciou a sua renúncia ao cargo, tendo recebido uma indemnização de 500 mil euros, segundo noticiou no sábado o Correio da Manhã e não foi negado por Alexandra Reis.

Não se percebe como foram tomadas estas decisões indemnizatórias, numa empresa em situação económica difícil, intervencionada com dinheiro público“, afirma o sindicato dos pilotos. A mesma empresa que “apela ainda, a todos, por esforços para reduzir custos e aumentar receitas e onde muitos funcionários continuam a sofrer cortes salariais e a ver as suas condições de trabalho delapidadas”.

Na segunda-feira, também outros sindicatos acusaram a TAP e a antiga gestora de incoerência. “Fazemos notar ainda que a prestação da antiga gestora, se pautou sempre por algum clima de confrontação nomeadamente quando teve o pelouro dos recursos humanos onde, de uma forma sistemática desenvolveu uma política de restrição de direitos e de condições de trabalho. Ironicamente, no momento da saída, alegadamente, parece não ter tido a mesma atitude“, afirmou o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), em resposta ao ECO.

“A ser verdade o que diz a notícia, é claro que coloca a TAP e a tutela numa situação de grande incoerência na medida em que, por um lado reprime tanto quanto pode os custos com pessoal e, por outro, parece não existir qualquer bom senso em relação a este tipo de questões”, acrescentou.

“A pergunta que fica no ar, o Plano de Restruturação só tem restrições, rigidez financeira com os trabalhadores? Não abarca a a Administração da Empresa?”, questionou também Ricardo Penarroias, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).

O SPAC deixa ainda várias interrogações no comunicado: “Se a empresa não estava satisfeita com o desempenho desta pessoa, porque teve que pagar esta indemnização? E se não servia para a TAP, como pode servir para uma outra empresa tutelada pelo mesmo ministério? E pode servir para o desempenho de funções de ainda maior responsabilidade no Governo da República?”

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