Rui Moreira admite restrições ao automóvel no Porto já fora do seu mandato

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2023

"Provavelmente já não serei eu, será quem me venha a suceder, já vai sentir-se legitimado para tomar medidas restritivas relativamente ao transporte individual", disse o autarca do Porto.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, admitiu esta segunda-feira restrições ao uso do automóvel na cidade, mas já fora do seu último mandato, em que decorrem as obras da Linha Rosa e arrancarão, esta semana, as do metrobus. Questionado sobre se as pessoas da zona ocidental da cidade (sobre a qual referiu, na cerimónia de apresentação do metrobus, que o uso do automóvel ronda os 80%) aderirão ao novo meio de transporte, Rui Moreira disse que “vão ter que aderir”.

“A partir do momento em que haja esta resposta, provavelmente já não serei eu, será quem me venha a suceder, já vai sentir-se legitimado para tomar medidas restritivas relativamente ao transporte individual”, afirmou à margem da cerimónia de apresentação do Metrobus, que decorreu na Casa da Música. Rui Moreira disse achar que a cidade precisa dessas medidas, face “ao aumento do número de automóveis na zona ocidental da cidade”.

“Isso é visível a nível, por exemplo, do estacionamento à superfície. Quando vemos o que está a suceder, julgo que vai ser inevitável”, acrescentou. Apesar da sua posição, o autarca já tinha descartado “medidas draconianas” contra o automóvel, rejeitando tal posição para o Porto “sem antes ter uma solução” que é, “naturalmente, o transporte público”.

O autarca independente referiu-se ainda ao “grande crescimento habitacional na zona ocidental da cidade” e à projetada Via Nun’Álvares, algo que vem “aumentar, naturalmente, a pressão”. “Se nós percebermos que ali temos agregados familiares que têm dois e três automóveis, e que esse número vai aumentar, essas pessoas vão ter que compreender que a cidade, pura e simplesmente, não tem capacidade viária para responder“, prosseguiu.

Rui Moreira diz que tal é um fenómeno que se observa “todas as manhãs”, e, vivendo no fundo da Avenida da Boavista e deslocando-se para a Câmara Municipal, o autarca constata que “ano a ano o número de automóveis vai aumentando”. “Os automóveis não são mais pequenos, e o facto de o automóvel ser elétrico pode resolver o consumo, mas também não é acessível a todas as bolsas”, disse ainda.

O autarca considerou que o transporte público contribui para a “justiça social e para um equilíbrio maior entre aqueles que podem e os que não podem usar o transporte individual”. O autarca vincou ainda que o “domínio do transporte individual exerce uma enorme pressão e desafia os municípios a não conseguirem cumprir aquilo que são as metas anunciadas” em termos ambientais.

Rui Moreira marcou presença na cerimónia de apresentação do Metrobus, serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império e a rotunda da Anémona (Praça Cidade do Salvador), em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com o restante tráfego na Marechal Gomes da Costa.

A empreitada arranca esta semana tendo data prevista de conclusão junho de 2024. Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço do ‘metrobus’, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Anémona.

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