Semana de 4 dias convence administração e trabalhadores da 360imprimir.pt

Após a implementação da semana de quatro dias, o número de candidaturas à 360imprimir.pt aumentou mais de 200%, o turnover reduziu 35% e a produtividade aumentou 0,6%. Mas nem tudo é positivo.

Ao fim dos três primeiros meses de implementação do modelo piloto da semana de quatro de dias de trabalho, a 360imprimir.pt revela que as mudanças foram bem aceites pelos seus colaboradores.

Segundo a empresa, uma larga maioria (75%) dos seus 200 trabalhadores exigiria um aumento salarial de pelo menos 30% para considerar regressar ao modelo de trabalho de cinco dias por semana.

Sérgio Vieira, CEO da 360imprimir.pt, revela ainda que o novo modelo gerou um aumento de 297% das candidaturas à empresa (entre 22 de outubro e 22 de dezembro a empresa recebeu 14.499 candidaturas), reduziu o turnover em 35% e melhorou em 4% os níveis de stress e ansiedade.

Além disso, 93% dos atuais colaboradores imagina-se a trabalhar na empresa daqui a um ano e 90% recomenda a 360imprimir.pt como lugar para trabalhar. Mas a implementação da semana de quatro dias de trabalho não foram só coisas boas.

O absentismo aumentou ligeiramente e, apesar da produtividade subir 0,6%, não compensou a quebra de 6,7% do output, revelam os dados do barómetro dos primeiros três meses após a implementação da semana de quatro dias na empresa. “O novo modelo de trabalho implicou a redução do número de horas trabalhadas em 7%, conforme inicialmente divulgado (redução de 40 para 36 horas nas semanas que não tenham já feriados)”, refere Sérgio Vieira, CEO da 360imprimir.pt, à ECO Pessoas.

O empresário contava que a redução do horário de trabalho levasse a uma redução do volume de trabalho face à semana de 40 horas, mas acabou por dar-se uma diminuição muito próxima da redução horária, até inferior (-6.4% vs. -7%). “Esta menor diferença é explicada por termos tido maior produtividade (mais 0,6%) por hora trabalhada, mas foi um aumento ligeiro, longe de compensar a enorme diminuição na carga horária”, comenta Sérgio Vieira.

Apesar dessa quebra, o responsável mostra-se satisfeito e garante que essa quebra no output não afetou os clientes. “Não notamos qualquer impacto negativo do modelo (que era uma condição de base para a sua implementação). Para compensar alguma quebra ou output por colaborador, fizemos a reposição de algum headcount adicional para o compensar a redução de carga horária”, assegura.

“Todas as atividades com impacto direto no dia-a-dia do cliente foram mantidas, sendo o dia off alternado para essas equipas”, reforça o gestor.

Não notamos qualquer impacto negativo do modelo (que era uma condição de base para a sua implementação). Para compensar alguma quebra ou output por colaborador, fizemos a reposição de algum headcount adicional para o compensar a redução de carga horária.

Sérgio Vieira

CEO da 360imprimir.pt

O que diz o barómetro?

Os dados da adoção de uma semana de quatro dias de trabalho são os primeiros de uma empresa nacional a serem conhecidos e surgem num momento em que o Governo prepara um piloto deste novo modelo de trabalho, com arranque previsto para junho.

Desde outubro do ano passado que a 360imprimir.pt já adotou este modelo (o piloto tem a duração de dois anos), depois de ter decidido trabalhar de forma 100% remota. E os dados alinham em muitos dos parâmetros com os obtidos em outros pilotos.

É o caso dos níveis de satisfação junto dos colaboradores, com 98% a aderir de forma voluntária ao modelo. Destes, 73% tem um dia semanal off fixo, com 27% a ter um dia off por semana que vai alternando. Mas se 87% dos colaboradores indica usufruir regularmente dos seus dias off, mais de um terço das chefias (36%) não usufruiu ainda do dia off na totalidade.

Uma larga maioria (83%) passou a ter mais mais tempo para a família, tendo os níveis de stress, fadiga e ansiedade registado uma melhoria de 4%. O entusiasmo em torno do novo modelo é tal que, para regressar ao anterior modelo, um em cada três colaboradores exigiria um aumento igual ou superior a 50%.

Produtividade sobe, mas não muito

O primeiro trimestre revela uma quebra de 6,4% no volume de trabalho gerado, apesar de tudo, um “resultado positivo quando comparado com a redução prevista para o número de horas trabalhadas”, aponta a empresa. Algo só possível porque a produtividade subiu 0,6%.

Uma franja significativa das chefias (88%) estão satisfeitas com o desempenho das equipas neste novo modelo, mas 30% considera que “a sua equipa não produz o mesmo em 36 horas como produzia em 40h“.

A maior surpresa surge com o tema do absentismo que não só não diminuiu como, ao contrário das expectativas iniciais do modelo, aumentou ligeiramente: de 0,19% no trimestre pré-semana de quatro dias, para 0,22% nos primeiros três meses do piloto.

“É normal que se observe alguma volatilidade em alguns indicadores, seja por questões normais do apuramento estatístico seja por alguma sazonalidade que possa ocorrer seja pela recente implementação do modelo (para a maioria dos indicadores até será positivo este impacto, mas para outros, pode gerar algum viés momentâneo)”, justifica Sérgio Vieira, que considera ser “precipitado concluir que os dados do primeiro trimestre são definitivos.”

“Não obstante, foi um indicador que nos surpreendeu pela negativa, até porque esperávamos que parte das ausências programadas pudessem ser migradas para o dia off, o que parece não estar a acontecer”, nota o gestor, sublinhando que “este indicador será assim acompanhado em maior detalhe nos próximos trimestres, por forma a avaliar a sua evolução aquém do esperado.”

No entanto, Sérgio Vieira ressalva que “é um indicador cujo valor absoluto é muito residual na nossa empresa, pelo que não consideramos que de forma alguma a sua evolução recente esteja a colocar em causa a performance da empresa ou que venha impactar uma conclusão negativa quanto ao modelo de trabalho.”

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