Comissão Europeia propõe 10.º pacote de sanções e castiga Irão por vender drones à Rússia

Von der Leyen revelou no Parlamento Europeu que o 10.º pacote de sanções contra a Rússia vai abranger exportações tecnológicas no valor de 11 mil milhões. E, pela primeira vez, vai atingir o Irão.

Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.Parlamento Europeu 2023

Travar exportações de tecnologia usada nos equipamentos militares da Rússia e castigar o Irão pelo fornecimento de drones “que estão a matar civis ucranianos”. São os dois alvos do décimo pacote de sanções que a Comissão Europeia vai propor por causa da guerra russa na Ucrânia, revelou esta quarta-feira a presidente Ursula Von der Leyen no Parlamento Europeu.

“Com nove pacotes de sanções em vigor, a economia russa está a retroceder. E para manter essa pressão forte, propomos um décimo pacote de medidas com novas proibições comerciais e controlos de exportação de tecnologia para a Rússia. Este pacote tem um valor total de 11 mil milhões de euros”, adiantou Von der Leyen aos eurodeputados no debate sobre o ano que passa desde o início da invasão da Rússia em território ucraniano.

Segundo explicou, as novas sanções visam restringir a “exportação de vários componentes eletrónicos usados ​​em sistemas armados russos, como drones, mísseis, helicópteros”.

“Mas também existem centenas de drones de fabricação iraniana usados ​​pela Rússia nos campos de batalha na Ucrânia”, prosseguiu. “Esses drones fabricados pelo Irão matam civis ucranianos. Isso é atroz! Então, pela primeira vez, também estamos a propor sancionar entidades iranianas, incluindo aquelas ligadas à Guarda Revolucionária do Irão”, afirmou.

Von der Leyen considerou que é dever da UE “sancionar e confrontar o Irão” por causa do “fornecimento de drones e da transferência de know-how [conhecimento] para construir locais de produção na Rússia”.

“Putin já perdeu a guerra da energia”

Com as sanções contra o Kremlin, a Comissão Europeia quer “minar a máquina militar russa”. “Putin já perdeu a guerra da energia”, declarou Von der Leyen. As receitas da Rússia com as vendas de gás para a Europa encolheram dois terços, sendo que teto no preço do petróleo está a impor perdas de 160 milhões de euros em receita todos os dias, disse. E, enquanto a economia europeia “apresenta hoje um desempenho significativamente melhor do que o previsto” e reviu em alta as previsões no início desta semana, em contraste, “o Kremlin tem de vender reservas de ouro para preencher as lacunas deixadas pela falta de receita do petróleo”.

“A tentativa de Putin de chantagear a Europa usando a energia foi um fracasso”, atirou.

A estratégia da Comissão inclui mais dois pilares: apoiar a resistência ucraniana e forjar o futuro da Ucrânia na Europa, segundo elencou a chefe do executivo europeu em Estrasburgo.

Von der Leyen deu conta dos apoios que já seguiram para Kiev: 67 mil milhões de euros em ajuda económica, humanitária e militar. E assegurou que a União Europeia vai continuar a prestar apoio: “Putin queria o colapso do Estado ucraniano. Ajudamos a Ucrânia a permanecer operacional, mesmo durante as horas mais difíceis. A Europa galvanizou a resistência da Ucrânia e continuará a fazê-lo. Garantiremos um fluxo constante de ajuda financeira ao longo de 2023”.

No final do ano passado, a UE aprovou um pacote de 18 mil milhões de euros de assistência macrofinanceira. “A primeira parcela já chegou à Ucrânia. O nosso apoio continuará estável e previsível, todos os meses. Foi isso que a Europa prometeu e mantemos a nossa promessa”, afirmou.

Quanto ao futuro da Ucrânia na UE, Von der Leyen disse que honrar o sonho dos ucranianos de pertencer ao projeto europeu passa por defendê-los “pelo tempo que for necessário” para que um dia os seus representantes tenham seu lugar “nesta mesma casa”.

(Notícia atualizada às 9h53)

*O jornalista viajou a Estrasburgo a convite do Parlamento Europeu

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