Amorim e Kyaia “dão à sola” para enfrentar Havaianas no Brasil

Marca de calçado detida pela Corticeira Amorim e pelo grupo que detém a Fly London já vende mais de um milhão de euros e prepara a entrada no mercado brasileiro com os chinelos de sola em cortiça.

A marca de calçado As Portuguesas, que junta na estrutura acionista a Corticeira Amorim e o grupo Kyaia, um dos maiores fabricantes nacionais do setor, está a preparar a entrada na América Latina, visando sobretudo atacar o mercado brasileiro com a linha de flip-flops (chinelos de dedo) para concorrer com as famosas Havaianas.

Em declarações ao ECO durante a Micam, a maior feira de calçado do mundo, que termina esta terça-feira em Milão e na qual participa no mesmo stand que a Fly London e a Softinos, o diretor de vendas, Sérgio Duarte, assumiu que esse é “um dos objetivos para este ano”, justificando a aposta pela dimensão e pelo potencial do Brasil, e “pelo produto em si se adequar ao mercado”.

Garantindo estar a preparar-se para enfrentar essa “grande concorrente” na sua própria casa, a marca criada por Pedro Abrantes, lançada oficialmente em março de 2016, vai contrapor à conhecida sandália de plástico brasileira “uma oferta que se diferencia pela sustentabilidade”. E espera que a designação “muito familiar” As Portuguesas ajude à afirmação no país irmão.

Estamos a tentar entrar no Brasil e já temos alguns contactos estabelecidos. É um dos grandes objetivos da empresa.

Sérgio Duarte

Diretor de vendas d’ As Portuguesas

“Temos um grande leque de flip-flops, vários modelos para o verão. Estamos a tentar entrar no Brasil e já temos alguns contactos estabelecidos. É um dos grandes objetivos da empresa”, acrescenta o gestor comercial, sublinhando que os consumidores latino-americanos, particularmente os brasileiros, estão a “procurar cada vez mais produtos sustentáveis”.

Além da América Latina, a empresa com sede e produção em Guimarães, para a qual a gigante corticeira liderada por António Rios de Amorim criou e patenteou um composto com cortiça e borracha natural, aponta igualmente aos mercados da Austrália e da Coreia do Sul, onde diz já ter alguns clientes, mas procurando “ganhar mais relevância” naquela região do globo.

Sérgio Duarte, diretor de vendas d’ As Portuguesas, no stand da Micam, em Milão

É que, embora tenha começado pelos chinelos com sola de cortiça, que continuam a ser o core business, fazendo do verão a época mais forte, “o inverno tem vindo a conquistar peso” no negócio, que já ultrapassa o milhão de euros por ano. Na coleção para a estação fria, que esteve a mostrar em Itália, o principal material é um feltro em lã natural.

“Estamos nesta fase a receber as primeiras encomendas da estação de inverno. Em comparação com o ano anterior, até à data estamos com um pequeno crescimento. Estamos a prever um ano com muitos desafios, sabendo da perda de poder de compra das famílias com os preços a aumentarem, mas estamos aqui para enfrentá-los”, declarou Sérgio Duarte.

Os Estados Unidos e o Canadá são os melhores mercados para As Portuguesas, seguidos da Alemanha e da Itália. Para o crescimento na cena internacional, a marca aproveita a rede de distribuição já montada pelo grupo liderado por Fortunato Frederico, histórico empresário e antigo presidente da associação do setor (APICCAPS), que soma perto de 500 trabalhadores e é igualmente dono da rede de sapatarias Foreva e do marketplace Overcube.

Esta parceria entre a Amorim e a Kyaia é uma das novas “estrelas” da participação portuguesa nesta edição da Micam, que conta com um total de 33 expositores. O cluster português de calçado e artigos de pele, que em 2022 exportou um valor recorde de 2.347 milhões de euros para 172 países, já integrou uma dezena de iniciativas promocionais desde o início do ano. O plano de promoção externa no valor de dez milhões de euros, que ainda aguarda “luz verde” por parte do Ministério da Economia, prevê mais de 40 ações durante este ano, sendo 55% do orçamento para feiras e 31% para promoção e prospeção.

(O jornalista viajou para Milão a convite da APICCAPS)

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