Quase 60% dos trabalhadores remotos sentem-se envolvidos com o seu trabalho. E estão confiantes quanto a progressão
Mais 'caseiros', mas também com mais flexibilidade. Os trabalhadores remotos estão a aprimorar o seu 'modus operandi'. Sentem-se envolvidos com os colegas e confiantes na progressão de carreira.
A grande maioria dos trabalhadores remotos sente-se envolvida com os colegas e comprometida com o trabalho e encontraram neste modelo laboral uma forma mais fácil de trabalhar com foco, de gerir o stress e evitar distrações. E já não olham para trabalho remoto como um obstáculo à progressão de carreira, com 72% dos profissionais a admitirem um impacto positivo ou neutro no seu crescimento profissional. Um salto de quase 20 pontos percentuais desde o ano passado, concluiu o “State Of Remote Work 2023″, elaborado pela Buffer. Em Portugal, o número de trabalhadores remotos está a recuar.
Quando falamos em trabalho presencial, no escritório, a colaboração, o engagement e a camaradagem são benefícios quase sempre mencionados. Aliás, a questão do envolvimento é um tópico controverso, com vários especialistas e líderes a defenderem que o trabalho remoto enfraquece a ‘cola’ organizacional. Mas será mesmo assim?
Mais de metade dos trabalhadores remotos inquiridos (58%) afirma que se sente envolvido com o seu trabalho. Entre estes, 35% diz mesmo que se sente “muito envolvido”. Por outro lado, apenas 14% admite que se sente “muito pouco envolvido”.
Uma percentagem ainda maior, 75%, admite sentir-se envolvido com os seus colegas e clientes. “Se os trabalhadores à distância se sentem ou não ‘ligados’ aos seus colegas tem sido um tema chave nos últimos anos. É encorajador ver que 75% dos trabalhadores remotos relatam sentir-se envolvidos com os seus colegas ou clientes. Apenas 17% disseram o contrário”, lê-se no relatório.
O principal motivo? A interação regular ou a colaboração eficaz, aponta a Buffer. Outras opções populares são ‘porque se encontraram pessoalmente’ (46%) e ‘conhecem a vida um do outro’ (38%).
Já entre aqueles que não se sentem envolvidos, 56% justifica-o com o facto de ‘não existirem oportunidades sociais para criarem laços’.
Trabalho remoto já não é obstáculo à progressão de carreira
No que toca à progressão de carreira, apesar de, em 2022, apenas 14% dos trabalhadores remotos considerarem-na mais fácil estando a operar neste modelo laboral, este ano, há mais profissionais que partilham dessa opinião. Ainda que o tema continue a separar posições, este ano, 36% dos inquiridos consideram que trabalhar em modo remoto torna a progressão de carreira mais fácil.
Exatamente a mesma percentagem é da opinião que o trabalho remoto não tem qualquer influência em questões de desenvolvimento profissional, com menos de um terço (28%) a considerar que dificulta a progressão.
“Quando se pergunta por que razão o crescimento da carreira é mais fácil para os trabalhadores à distância, 75% justifica-o com o facto de ser avaliado através da sua produção e impacto, em vez do tempo passado no escritório. Outra resposta popular, com 48% dos inquiridos a selecioná-la, é que os trabalhadores estão em igualdade de condições porque todos eles são remotos”, detalha a Buffer no relatório.
Por outro lado, entre os 28% dos profissionais que consideram que o crescimento de carreira é mais difícil estando a trabalhar remotamente, metade acredita que não ser visto torna menos provável que as pessoas pensem neles quando surgem novas oportunidades. “Outros 39% dizem que não sabem como partilhar ou promover os seus sucessos, e 37% justifica-o com serem deixados de fora de conversas de corredor e momentos de socialização nas pausas do trabalho.”
Mais ‘caseiros’ do que nunca, mas também com mais flexibilidade
Mas também há desafios. Mais de 20% dos trabalhadores remotos inquiridos admitem que ‘lutam’ contra o facto de estarem demasiadas vezes em casa. Transformam o trabalho remoto em teletrabalho. “Este ano incluímos uma nova opção de resposta para a pergunta sobre as maiores dificuldades de trabalhar remotamente. Essa opção foi ‘ficar em casa muito frequentemente por não ter uma razão para sair’. Incluímo-la com base nas tendências que tínhamos observado ao longo do ano, e acabou mesmo por encabeçar a lista”, lê-se no documento.
Segue-se a solidão (15%), trabalhar em diferentes fusos horários (14%), não ser capaz de ‘desligar’ (11%) ou continuar a sentir-se motivado (11%).
Na edição de 2020 do relatório, a colaboração e a comunicação eram mencionadas pelos profissionais como o grande desafio de trabalhar remotamente, uma opção que têm vindo a perder peso de ano para ano, representando agora apenas 8% das respostas.
“Este pode ser um sinal de que as empresas estão a encontrar soluções eficazes para a comunicação e colaboração. O tempo permitiu aos trabalhadores ajustarem as suas vidas em torno do trabalho à distância, pelo que certos desafios estão a surgir cada vez menos”, refere a Buffer no estudo.
Por outro lado, questionados sobre os principais benefícios de trabalhar à distância, os profissionais foram unânimes na resposta, elegendo — sem surpresas — a flexibilidade. Quase 60% dos trabalhadores referiram esta como a grande vantagem de trabalhar fora do escritório, em qualquer ponto do mundo. Contudo, a flexibilidade assume diferentes formas: 22% dos profissionais destacam a flexibilidade para usufruir do seu tempo, 19% prioriza a flexibilidade para escolher o local onde quer viver, 13% refere a flexibilidade para escolher a localização a partir de onde prefere trabalhar e, finalmente, 4% destaca a flexibilidade nas suas opções de carreira.
O tempo poupado ao evitar o commuting, os ganhos financeiros, a maior capacidade de foco e poder trabalhar no seu próprio espaço foram outros benefícios destacados pelos inquiridos.
Outros aspetos referidos pelos trabalhadores remotos passam pela maior capacidade de trabalhar com foco (70%), melhor gestão do stress (65%) e maior capacidade para evitar distrações (50%).
Número de teletrabalhadores em Portugal recua
Realizado em cerca de 10 países, numa amostra de 3.000 profissionais, o estudo não inclui Portugal. No mercado nacional, o teletrabalho está a perder terreno um pouco por todo o país. No quarto trimestre de 2022 havia menos 121,2 mil profissionais a trabalhar fora do escritório do que no trimestre anterior, fixando-se o número total de trabalhadores neste regime em 880 mil.
Apenas Lisboa mantém-se ainda acima da média nacional (14,4%), com 28,9% dos empregados a trabalhar neste regime. Inversamente, a Região Autónoma dos Açores apresentou a menor percentagem de profissionais em regime de teletrabalho, seguida da Região Autónoma da Madeira e do Algarve, dá conta um recente estudo que incide sobre os últimos três meses do ano passado realizado pela Randstad.
Entre os profissionais que trabalham fora do escritório, 31,7% trabalha sempre a partir de casa, a mesma percentagem daqueles que trabalham num modelo híbrido, que alterna entre trabalho presencial no escritório e teletrabalho. O estudo da empresa especialista em recursos humanos revela ainda que o home office é mais frequente em colaboradores com alta qualificação e idades intermédias.
Percorra a fotogaleria para ficar a conhecer outras das conclusões do “State Of Remote Work 2023”.
Consulte aqui o estudo na íntegra.
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