Exclusivo Start Campus prevê que 1.ª fase do data center em Sines fique operacional “no final de setembro”

CEO da empresa que espera investir 3,5 mil milhões de euros em Sines faz um balanço dos trabalhos de construção do mega data center Sines 4.0, considerado projeto de interesse nacional pelo Governo.

Imagem simulada de como deverá ficar o Sines 4.0 quando todos os edifícios estiverem construídos. A infraestrutura, visível ao centro, localiza-se junto à antiga central a carvão da EDP, visível do lado direitoStart Campus

O primeiro edifício do mega centro de dados que está a ser construído junto à antiga central a de Sines deve estar operacional em setembro, diz o CEO da Start Campus, a empresa responsável pelo Sines 4.0, que foi considerado pelo Governo de Potencial Interesse Nacional (Projeto PIN). Além do “ligeiro atraso” face ao calendário inicial, a guerra na Europa e forçou a empresa a ir às compras mais cedo do que o normal.

“O projeto está a correr bastante bem”, resume Afonso Salema, numa conversa com o ECO à margem de um seminário sobre cabos submarinos, promovido na sexta-feira pela embaixada do Reino Unido em Lisboa. No entanto, com o início da guerra na Ucrânia e os efeitos da inflação, a Start Campus teve de “tomar algumas medidas quase drásticas para o setor”, como antecipar a compra de “grande parte do equipamento, para não ter falhas na cadeia de abastecimento”, explica o gestor.

Afonso Salema, CEO da Start CampusBritish Embassy Lisbon

“Isso provou ser uma estratégia vencedora porque agora vemos que o resto da indústria está com problemas em conseguir as partes mais básicas e nós estamos a continuar a avançar. Tivemos um ligeiro atraso, cerca de um mês, mas estamos on track para ter já a primeira capacidade operacional no final de setembro deste ano“, diz Afonso Salema.

Anunciado em abril de 2021, o Sines 4.0 é fruto de uma parceria entre os norte-americanos da Davidson Kempner e os britânicos da Pioneer Point Partners. O projeto contempla vários edifícios para albergar servidores, sendo que, nesta primeira fase, está em causa uma primeira estrutura menor do que os restantes, num investimento de 130 milhões de euros que não deverá sofrer revisões: “Para esta primeira fase, conseguimos mitigar parte [do aumento de custos], porque fizemos o hedging antes”, sublinha o responsável, referindo-se à estratégia de compras antecipadas.

Mas o Sines 4.0 previa “um volume final de investimento de até 3,5 mil milhões de euros” até 2027. Esse valor, no fim, deverá ser superior, antecipa Afonso Salema. “Vai ser um valor revisto em alta, o que acaba por se refletir, depois, no preço que passamos aos nossos clientes. Mas, como é um fator que afeta toda a Europa, porque nós estamos dependentes é de cadeias de valor internacionais, nós continuamos a ser altamente competitivos versus o resto da Europa”, assegura.

Alegando um forte foco na sustentabilidade, a Start Campus pretende recorrer a energia renovável para alimentar este empreendimento. Existem 1.500 hectares de solo “em várias localizações” reservados para instalar painéis solares e uma intenção, ainda não materializada, de recorrer a água do mar para arrefecer os servidores.

Para tal, como o ECO noticiou, a empresa quer reaproveitar a estrutura de captação de água usada para arrefecer as turbinas da antiga central elétrica, mas as negociações ainda estão em curso. “Estamos a finalizar as negociações com a EDP e esperamos chegar a bom porto, porque não faz sentido ter de destruir aquilo. Esperamos que a EDP seja razoável”, afirma.

O objetivo não é “necessariamente” adquirir a estrutura, porque a empresa admite ficar a gerir parte da mesma para dar acesso a outros que a queiram usar, aponta Afonso Salema. “Todos os data centers que foram bem-sucedidos foram por acesso aberto. E nós não nos importamos de ficar a gerir parte da infraestrutura e, se vier mais alguém que precise, numa perspetiva de colaboração para promover o crescimento de Sines, não vemos mal nenhum nisso”, aponta.

Questionado sobre novos acordos com cabos submarinos ou se já tem clientes na calha para o Sines 4.0, Afonso Salema escusa-se a comentar, por estar “sujeito a acordos de confidencialidade muito fortes”. Todavia, refere que a Start Campus está a trabalhar com a Ella Link, dona do cabo submarino que liga Sines a Fortaleza (Brasil), no projeto de construção de uma ligação entre Sines e Lisboa. Um cabo que foi batizado de Olisipo e que foi anunciado no final do ano passado.

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