Taxas Euribor usadas em 70% dos empréstimos da casa só atingem máximos no verão, avisa Centeno

Taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa, atingirão valores máximos em agosto nos prazos a três e seis meses, segundo as previsões citadas pelo governador do Banco de Portugal.

De acordo com Mário Centeno, as taxas Euribor — que servem de base para calcular a prestação da casa — que são aplicadas em cerca de 70% dos contratos de empréstimo à habitação em Portugal só vão atingir o pico “nos meses de verão”.

“Daquilo que é a projeção dos mercados para as taxas Euribor, no mês de fevereiro já teremos atingido o pico da Euribor a 12 meses”, referiu o governador do Banco de Portugal esta terça-feira numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças.

“Mas a Euribor a 3 meses, que é aplicada em 30% dos contratos, e a 6 meses, em 40% dos contratos, apenas atingirão os máximos nos meses de verão”, acrescentou o líder do supervisor bancário.

“É processo que está em curso e que temos de acompanhar com cuidado”, frisou Centeno.

O governador voltou a estes dados mais tarde e esclareceu que as taxas a três e seis meses vão atingir máximos em agosto, enquanto a Euribor a 12 meses já baixou em março e “espera-se que desça todos os meses até ao final do ano”, segundo as projeções dos mercados. Ou seja, “novas atualizações com base no indexante a 12 meses vão ser menos gravosas” no futuro.

Em Portugal, há praticamente 1,1 milhões de contratos da casa com taxa variável, que estão expostos às variações da Euribor. Estas taxas começaram a subir há um ano, à boleia do aumento das taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE). Centeno considera que o mais preocupante neste processo de normalização de política monetária “não é tanto o nível mas a rapidez com que as taxas têm subido” nos últimos meses. Desde julho que o BCE já aumentou as suas taxas em 350 pontos base.

Para um país como Portugal, “onde a esmagadora maioria dos contratos tem taxa variável”, a situação é “preocupante”, frisou o governador, adiantando que o “processo gradual” de subida da prestação da casa por conta do aumento das Euribor vai decorrer no próximo ano a ano e meio.

“O processo só terminará quando as taxas do BCE voltar aos níveis neutrais, que são mais baixos do que aqueles que temos hoje”, explicou Mário Centeno.

Apesar do agravamento das taxas, o governador do Banco de Portugal deu conta de um enquadramento económico e financeiro melhor do que em 2009. Por exemplo, há hoje menos 16% de famílias endividadas com crédito da casa do que na anterior crise. Metade das famílias precisam de apenas de 15% dos rendimentos para pagar os seus empréstimos à habitação.

Neste cenário, “o risco de incumprimento neste momento é baixo”, assegurou o responsável. “Nunca tivemos tanto portugueses a trabalhar e já tivemos prestações da casa mais altas e mais famílias mais endividadas do que hoje”, afirmou ainda.

(Notícia atualizada às 18h05)

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