Banco Montepio estuda venda da licença bancária do BEM

Lançado por Carlos Tavares em 2019, o Banco Empresas Montepio vai ser integrado na casa-mãe. Pedro Leitão estuda venda da licença bancária após absorver negócio do BEM.

Lançado há quatro anos, o Banco Empresas Montepio (BEM) está em vias de extinção. A instituição lançada em 2019 por Carlos Tavares vai ser absorvida pela casa-mãe, o Banco Montepio, que está agora a estudar a venda da licença bancária assim que for concretizada a operação de carve-out de todo o negócio do BEM.

Inicialmente, o banco liderado por Pedro Leitão equacionou integrar o BEM através da transferência de todos os seus ativos, passivos e operações por via de uma fusão por incorporação. Contudo, já no final do ano passado a administração mudou de ideias e decidiu avançar com um modelo de integração operacional, tendo sido também abordada “a possibilidade de eventual venda da licença bancária do BEM após concretizar o carve-out de toda a atividade”, segundo explica o Banco Montepio no relatório e contas do ano passado.

“Dada a unificação, a licença bancária do BEM passou a ser desnecessária, pelo que após o carve-out de toda a atividade, existe a possibilidade da sua eventual venda”, confirmou fonte oficial ao ECO.

Segundo o banco, a integração do BEM — detido a 100% pela Montepio Holding, SGPS, a qual, por sua vez, tem como acionista único o Banco Montepio — vai permitir “simplificar a abordagem ao segmento empresas, capturando sinergias e alavancando na aprendizagem e resultados do modelo de banca comercial e banca de investimento por via da unificação da relação”. Por outro lado, também tornará a estrutura de governo do grupo “menos complexa”, acrescenta.

Também há uma vantagem operacional, justifica ainda o Banco Montepio: a integração do BEM — que irá ocorrer ao longo deste ano — permitirá “alinhar o critério de encarteiramento de clientes na banca de retalho com as práticas de mercado, consolidando a sua estrutura com o ajustamento em curso no Banco Montepio e convergindo para o benchmark do setor”.

Idealizado pelo anterior chairman do banco, Carlos Tavares, o BEM pretendia fornecer serviços integrados de banca comercial e de investimento às pequenas e médias empresas e empresas do middle market com volume de negócios acima dos 20 milhões de euros. Tinha uma rede de dez espaços empresa e geria uma carteira de crédito de 340 milhões de euros em 2021, primeiro ano de lucros (2,6 milhões), após os prejuízos dos dois anos iniciais. O projeto não foi bem recebido por todos internamente, devido aos receios de que o BEM poderia tirar os melhores clientes e negócios à casa-mãe.

O Banco Montepio tem passado por um profundo ajustamento nos últimos anos, num esforço para melhorar a rentabilidade do negócio. Além da redução dos quadros – o banco tem em curso a última vaga de saídas — e da rede comercial, está a desfazer-se de operações internacionais, como Cabo Verde (extinção) e Angola (venda do Finibanco Angola ao nigeriano Access Bank).

O banco fechou 2022 com lucros de 33,8 milhões de euros e a acionista Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) já vê a instituição “num ciclo consistente de lucros” e quer que comece a dar dividendos.

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