Fatura da eletricidade nos comboios e estações disparou 131% em 2022. IP teve lucros de 48 milhões

Subida das despesas com energia e na conservação e manutenção na rede rodoferroviária contribuíram para o crescimento de 9% nos gastos operacionais da Infraestruturas de Portugal.

Os gastos da Infraestruturas de Portugal (IP) com a eletricidade ascenderam a 33 milhões de euros em 2022, o que representou um aumento de 131% face ao ano anterior. A subida da fatura, atribuída à “crise geopolítica na Europa desencadeada pelo conflito na Ucrânia”, foi divulgada num comunicado à CMVM em que contrapõe que “no âmbito da operação ferroviária, cerca de 10 milhões foram objeto de refaturação de energia de tração aos operadores ferroviários”.

Este disparo na eletricidade, a par do aumento das despesas com a conservação e a manutenção na rede rodoferroviária, deram o principal contributo para o crescimento de 9% nos gastos operacionais, excluindo amortizações e depreciações, que totalizaram 806 milhões de euros no ano passado. Já os rendimentos operacionais atingiram os 1.313 milhões de euros, uma subida de 6% em termos homólogos.

Em 2022, na sequência da polémica entre a Endesa e o Governo português que levou o primeiro-ministro a decidir que as faturas de serviços do Estado à elétrica só poderiam ser pagas após validação do então secretário de Estado da Energia, João Galamba, a gestora de infraestruturas decidiu mudar o fornecedor de eletricidade às estações de comboios e linhas ferroviárias.

Assinou contrato com a Luzboa, válido para os últimos três meses do ano, por 5.379.984,09 euros (mais IVA), ou seja, uma média de 1,793 milhões de euros por mês. Já este ano, como o ECO noticiou, depois de um interregno de menos de meio ano, a elétrica espanhola voltou a fechar um contrato com a IP para os meses de fevereiro e de março, por 2.223.586,19 euros (mais IVA), segundo informação publicada no portal Base.

Lucro de 48 milhões e maior investimento em 12 anos

Segundo a informação partilhada esta quinta-feira com o mercado, a entidade que resultou da fusão da Estradas de Portugal e da Refer terminou 2022 com um resultado líquido positivo de 48 milhões de euros, que comparam com os 14 milhões verificados em 2021. O EBITDA cresceu 2%, evoluindo num ano de 497 milhões para 507 milhões de euros no último exercício.

O investimento em estradas e na ferrovia atingiu máximos de 12 anos. “Com especial relevo, destaca-se o nível de execução do investimento nas infraestruturas rodoferroviárias, que em 2022 ascendeu a 466 milhões, o que representa não só um aumento de 72% face ao período homólogo de 2021, mas também o nível mais alto de investimento realizado desde 2010”, salienta a IP, com o principal contributo a vir do programa Ferrovia 2020, com uma execução no montante de 348 milhões.

A execução financeira do Programa Nacional Investimentos 2030 (PNI2030) ficou-se pelos 10,5 milhões de euros, centrada no desenvolvimento de estudos e projetos como os relativos à nova linha de alta velocidade Porto – Lisboa. Ao nível da rodovia, a execução atingiu os 17 milhões de euros, com o início da fase de obra, após os trabalhos preparatórios, dos investimentos na rede rodoviária abrangidos pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Apesar da redução ao longo do ano, o stock de dívida financeira da IP ascendia a 31 de dezembro de 2022 a 4.016 milhões de euros. Nessa data, a carteira de dívida encontrava-se repartida, de acordo com o regime de taxa de juro, em 95% a taxa fixa e 5% a taxa variável, “refletindo o nível elevado de imunização da carteira a conjunturas de subida das taxas de juro do euro como a que se tem verificado desde o primeiro semestre de 2022”.

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