Restrições à importação de painéis solares chineses atrasam projetos da EDPR nos EUA

Restrições impostas pelos EUA a fornecedor chinês de painéis solares estão a atrasar a execução de projetos da EDP Renováveis no país, alertou CEO.

O CEO da EDP Renováveis, Miguel Stillwell d’Andrade, admitiu que a energética portuguesa está a ter dificuldades em concretizar os projetos de energia solar nos Estados Unidos devido às restrições impostas à importação de painéis solares provenientes da China e que visam a empresa Longi.

Durante uma chamada com analistas, no âmbito dos resultados da energética referentes ao primeiro trimestre, Miguel Stillwell d’Andrade alertou que “um fornecedor asiático está a levar mais tempo do que o previsto” a entregar os documentos exigidos pela autoridade aduaneira dos EUA. Estes são requeridos no âmbito do Uyghur Forced Labor Prevention Act (UFLPA), legislação norte-americana contra a violação de direitos humanos na China.

Segundo o responsável, este atraso obrigou a que o grupo adiasse a instalação prevista de projetos fotovoltaicos previstos para 2023, para o ano seguinte. Em causa está a instalação de 0,9 gigawatts (GW).

Ainda assim, o CEO mantém-se confiante na execução do portefólio previsto, salientando que a EDP Renováveis tem uma capacidade “recorde” de instalação de energia solar e eólica em construção para o ano de 2023 e 2024, de 5 GW. De momento, “75% da nova capacidade para o período combinado de 2023 e 2024 está já assegurada”.

“Até ao final do ano vamos ter uma melhor visibilidade dos projetos em construção, não apenas os de 2023, mas também os de 2024”, apontou Stillwell d’Andrade.

Esta quarta-feira, a EDP Renováveis deu conta dos resultados obtidos nos primeiros três meses do ano. Até março, a energética registou um resultado líquido de 65 milhões de euros com o crescimento dos resultados operacionais a ser “anulado pelo aumento dos custos financeiros” — o custo médio da dívida aumentou para 4,6% —, “penalizados pela valorização a mercado de impactos cambiais”.

Em comunicado, a empresa destaca o crescimento de 24% nas receitas entre janeiro e março, que alcançaram os 706 milhões de euros, que diz ter sido suportado por um aumento de 11% na produção de eletricidade renovável e pela subida do preço médio de venda.

Ocean Winds de olho em leilões offshore

Durante a chamada, o CEO salientou que a joint venture entre a EDP Renováveis e a francesa Engie, a Ocean Winds, está atenta aos vários leilões para a instalação de turbinas eólicas offshore que serão lançados nos vários mercados onde operam, incluindo o português.

“A Ocean Winds tem sido muito bem sucedida em assegurar projetos nos últimos dois anos. Em muitos casos não só cumprimos como também ultrapassámos os objetivos definidos. Há vários processos que estão em curso, tanto na Austrália, Noruega, Lituânia, França, o caso português, na Irlanda… há vários processos em que vamos participar“, frisou Miguell Stilwell.

No entanto, o CEO deixa claro que a objetivo na participação destes concursos será assegurar a rentabilidade dos projetos. “Seremos disciplinados em termos de retorno“, frisou, acrescentando que esse será o principal critério.

Relembrando que a Ocean Winds é uma das responsáveis pela instalação do primeiro parque de eólico offshore flutuante do mundo, o WindFloat Atlantic, ao largo de Viana do Castelo, é detentora de outras duas infraestruturas na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, e que tem em desenvolvimento um parque na Escócia, o CFO da EDP Renováveis, Rui Teixeira, sublinhou que existe “uma oportunidade de crescimento” neste segmento com os leilões que serão lançados.

O leilão português, o primeiro concurso no país para a instalação de parques eólicos no mar, será lançado até ao final do deste ano, estando em cima da mesa uma capacidade de 10 GW. Até ao momento, já várias empresas manifestarem interesse em participar no projeto, tendo a Repsol (uma das parceiras do consórcio responsável pelo Windfloat Atlantic) revelado ao Capital Verde estar disponível para também entrar na corrida.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, estimou em março que o setor energético atrairá ao longo da próxima década investimentos de 60 mil milhões de euros para Portugal, dos quais 30 a 40 mil milhões só para as eólicas no mar.

Noticia atualizada às 16h25

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