Nova presidente da CNPD promete postura “pedagógica” às empresas e reforma da organização

Paula Meira Lourenço, que acaba de tomar posse como presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), diz que vai apresentar uma proposta de reforma da organização no prazo de três meses.

A nova presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) quer ter uma postura “pedagógica junto das empresas” e compromete-se a propor ao Parlamento, no prazo de três meses, uma “nova organização e modo de funcionamento” da comissão que agora preside.

Apesar da maior pedagogia junto do setor empresarial, Paula Meira Lourenço afirmou, no discurso de tomada de posse esta quinta-feira, que a CNPD “também deverá ser inflexível relativamente àquelas que não tenham uma robusta proteção de dados”. “Uma vez resolvidas as dúvidas”, acrescentou, a comissão “deve assegurar uma fiscalização apertada e efetiva, baseada no risco, e acompanhada de uma eficaz e exigente ação sancionatória”.

Paula Meira Lourenço na tomada de posse como presidente da CNPD, com o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos SilvaD.R.

A responsável tem mais ideias sobre como deve ser a CNPD do futuro, pelo que vai proceder a “um diagnóstico” do estado da entidade, “tendo em vista identificar no seu seio as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças”, disse. “Essa análise permitirá refletir sobre a criação de uma nova forma de organização e de funcionamento que permita adequar os procedimentos internos da comissão aos atuais desafios, dotando-a de uma estrutura mais moderna e eficaz, à semelhança das congéneres europeus”, referiu, segundo o discurso escrito a que o ECO teve acesso.

“Por me parecer que esta análise e a tomada de medidas é um pressuposto do bom funcionamento da comissão, comprometo-me a, no prazo de três meses, solicitar uma audiência ao Sr. presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, para apresentar e debater com os senhores deputados uma proposta de nova organização e modo de funcionamento” da CNPD, avançou Paula Meira Lourenço.

O objetivo é encontrar “consenso” para que se possa “abrir uma nova página no funcionamento desta relevante autoridade de controlo nacional em matéria de proteção de dados”, justificou a nova presidente.

Paula Meira Lourenço revelou ainda um pouco do que poderá ser essa nova estrutura organizativa. A nova líder da entidade que fiscaliza a aplicação do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) em Portugal idealiza um modelo “em que os membros da comissão podem gerir atividades e exercer atribuições legais com a possibilidade de delegação de competências, com pelouros, criando-se, em simultâneo, cargos de direção e/ou de coordenação, e possibilitando-se a gestão de um orçamento adequado às necessidades, gerido de forma independente e autónoma”.

Além do mais, a responsável quer rejuvenescer o quadro de pessoal da CNPD, que diz ter uma idade média de 56 anos. A presidente quer “contratar pessoas através de um regime atrativo e concorrencial”, disse.

Prometendo uma liderança “absolutamente independente, rigorosa, isenta e transparente”, Paula Meira Lourenço, que até recentemente desempenhava funções de vogal da Anacom, entende que a CNPD deve ter maior “abertura” e uma “cultura de diálogo interno e externo”. Uma das ideias para implementar no curto prazo é a preparação de um “plano nacional de formação em proteção de dados pessoais” para fomentar “os direitos digitais das crianças”, que considera serem “uma prioridade para o mandato” que agora assume.

Paula Meira Lourenço foi eleita para o cargo pelo Parlamento em janeiro, tal como o novo vogal, José Alves Velho. Os nomes constavam de uma lista única apresentada pelo PS e pelo PSD. 136 deputados votaram a favor, 45 votaram em branco e houve oito votos nulos. Substitui Filipa Calvão, que comandava a CNPD há mais de uma década e ainda podia fazer mais um mandato, nos termos da lei.

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