Sem coesão social, parte do país irá sofrer ainda mais impactos climáticos

  • Lusa
  • 12 Maio 2023

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ser preciso uma maior "generalização de consciência", dizendo que o país têm de "fazer mais em termos de ativismo cívico".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira que, sem o reforço da coesão social, uma “fatia enorme da sociedade portuguesa” irá sofrer as consequências das alterações climáticas de “forma mais penosa” que os restantes.

“Temos de reforçar a coesão social. Se nós não corrigirmos as desigualdades, há uma fatia enorme da sociedade portuguesa que está condenada a sofrer as consequências das alterações climáticas de uma forma muito mais penosa do que os demais. Isso é uma injustiça”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, durante a conferência “Cidade Azul”, que se realizou hoje no Porto.

Sobre esta matéria, o chefe de Estado admitiu ser “otimista”, mas também “realista”, e defendeu que, aqueles que têm responsabilidades, formação, educação e conhecimento, também o devem ser. “Ser otimista é ser voluntarista”, observou, dizendo que a sua fórmula não muda. “Já sabem qual é a minha fórmula. Não mudo. Já só faltam três anos para exercitar a fórmula, depois passarei ao silêncio escrupuloso. As pessoas não acreditam, mas vai ser mesmo. Vai ser uma surpresa. Vai ser uma grande surpresa e um contraste com quem, em princípio, deveria ser silencioso e começou a falar”, assegurou.

De volta às alterações climáticas, aos seus impactos e consequências, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ser preciso uma maior “generalização de consciência”, dizendo que o país têm de “fazer mais em termos de ativismo cívico”.

“Os jovens ativistas têm feito tudo o que podem. Nós temos de fazer ainda mais em termos de ativismo, tem de ser. Se não fizermos, ninguém faz por nós e, numa sociedade a envelhecer com cada vez menos jovens, o desequilíbrio etário é tal, que é injusto para os mais jovens que são otimistas”, referiu.

A par do reforço da coesão social e da consciencialização, o Presidente da República disse também ser preciso “ultrapassar problemas de poder político, administrativo e de conjugação de atuações”. “Temos de os ultrapassar, não é possível em cada ciclo político governamental começar de novo”, observou, dizendo que cabe também às Áreas Metropolitanas manterem “o mesmo estado de espírito” na sua gestão, juntamente com o Estado.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, nesta matéria, é ainda necessário haver “consciência cívica” e “um esforço muito grande para evitar casuísmos irreversíveis para o futuro”.

“Se se quer um desenvolvimento sustentável, isso implica que há momentos em que há sacrifício de rentabilidades económicas e que são compensados no futuro”, referiu, dando como exemplo o caso das energias renováveis e do hidrogénio verde.

“É preciso muita força para fazer essa pedagogia. A curto prazo, tem custos. A curto prazo tem problemas empresariais, sociais ou políticos. A longo prazo, não agirmos bem já, tem um custo brutal e depois irreversível ou dificilmente irreversível. É tão grande que demora imenso tempo a corrigir”, afirmou.

Dedicada a debater as cidades costeiras e as alterações climáticas, a conferência “Cidade Azul” foi organizada pelo jornal Público e pela Câmara Municipal do Porto. No debate que antecedeu à intervenção do chefe de Estado, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que os poderes intermédios são “uma obstrução ao poder democrático”, dando como exemplo a atuação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) no âmbito do Plano de Ordenamento da Orla Costeira.

“Temos um problema nos níveis intermédios. Na APA, por exemplo, é um desespero. Começamos a discutir a questão da costa, com o ministro Jorge Moreira da Silva [ministro do Ambiente entre 2013 e 2015] foi com ele que se fez o mapeamento das necessidades de tomar medidas de proteção da costa, até hoje não temos planos de praia”, observou. E acrescentou, “fica sempre a sensação quando olhamos para os avanços da água do mar, depende se os municípios são do partido do Governo ou não são”.

Além de investigadores, especialistas e autarcas, a conferência contou também a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.

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