Dourogás importou e injetou 1 GWh de biometano na rede de gás

Nuno Moreira revela que, em março, foi importado e injetado na rede nacional 1 GWh de biometano via Espanha. Até ao final do ano, empresa quer operar na mobilidade com uma base 100% renovável.

A Dourogás importou e injetou 1 gigawatt/hora (GWh) de biometano, um gás produzido a partir de fonte renovável que pode substituir o gás natural, na rede nacional de gás, no passado dia 30 de março.

Este combustível adquirido, em várias fontes da Europa, chegou ao país através das interligações com Espanha e teve como destino os clientes de mobilidade pesada da empresa. De acordo com o CEO da Dourogás, Nuno Moreira, a empresa abastece “mil camiões todos os dias e, portanto, naquele dia todos os camiões foram abastecidos com gás 100% renovável”.

A revelação foi feita esta quinta-feira, no âmbito da Green Gas Summit, uma conferência organizada pela Dourogás, Sonargás e a Internacional Gas Union (IGU), em Lisboa. Para Moreira, depois desta injeção, “a rede de gás natural [em Portugal] mudou de nome e passou a ser uma rede de gás”, considerando que a injeção desta “quantidade significativa” de biometano na rede foi “um ato histórico”.

Ao ECO/Capital Verde, Nuno Moreira revela que a expectativa é de que no segundo semestre seja injetada “uma quantidade ainda maior” e até ao final do ano 100% da atividade de mobilidade da Dourogás seja à base de gases renováveis.

Este biometano injetado na rede, no passado dia 30 de março, teve origem fora de Portugal, explicou o CEO, mas a ideia é a que as duas unidades de produção em Mirandela e em Frielas consigam contribuir para este fim. Neste momento, estas duas unidades produzem cerca de 30 GWh de biometano por ano, mas esse valor deverá aumentar nos próximos dois anos, uma vez que a Dourogás tem em desenvolvimento mais seis projetos para esse fim.

“Esperamos muito em breve poder injetar e dessa forma fazer a produção endógena de biometano. Temos uma obrigação perante os nosso clientes, independentemente de lutarmos para produzir em Portugal, queremos dar uma alternativa sustentável aos nossos clientes da mobilidade para poderem afirmar que têm um consumo descarbonizado”, explicou em declarações aos jornalistas à margem da conferência.

Em junho, indica o CEO, a expectativa será de fazer uma nova importação, mas de volumes superiores, através das mesmas interligações com Espanha. Nuno Moreira espera que até ao final do ano “toda a operação de mobilidade seja movida 100% a partir de gás natural renovável”.

Biometano desempenha papel importante na descarbonização

O ministro do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) presidiu a abertura da conferência, salientando que o biometano e o hidrogénio são dois combustíveis que irão ajudar Portugal a atingir as metas de descarbonização.

O biometano e o hidrogénio são absolutamente estratégicos para alcançar objetivos“, referiu Duarte Cordeiro durante a sua intervenção, esta quinta-feira, acrescentando que a produção destes dois gases poderá contribuir, também, para a descentralização do país.

“Temos a vantagem de poder produzir de forma descentralizada estes dois gases. Parte desta riqueza pode ser distribuída pelo nosso território“, disse.

Neste momento, recordou Duarte Cordeiro, Portugal tem 25 contratos assinados para a produção de biometano e hidrogenio a nível nacional e um montante de 100 milhões de euros em apoios para produzir até ao final do ano 113 megawatts de gás renovável.

Quanto ao hidrogénio, o novo Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), que está em processo revisão e deverá ser apresentado até junho, a pedido da Comissão Europeia, prevê que sejam instalados 2,5 GW de eletrolise em Portugal para a produção de hidrogénio verde. Além disso estão alocados nove mil milhões de euros em investimento em novos projetos nestes setores.

“A produção de hidrogénio verde e produtos associados — amoníaco verde, metanol verde, aço verde, combustíveis sintéticos — a preços competitivos pode constituir a base para um reforço de mercado europeu de energia, com Portugal a passar da posição de importador de combustíveis para a posição de exportador europeu de referencia”, reforçou o ministro.

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