Mortágua avisa que BE vai lutar por “justiça salarial” e contra as políticas seguidas na Educação, Saúde e Habitação
Nova coordenadora do BE critica políticas seguidas para Habitação, salários, Saúde e Educação e que é "evidente que a maioria absoluta é um tormento de degradação e instabilidade".
A nova coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, tece duras críticas ao Governo pelas políticas seguidas na Saúde, na Educação e na Habitação e frisa que o partido vai lutar para impedir que “viver pior seja o nosso destino” defendendo que a “justiça salarial e a transição energética” são “as únicas formas possíveis de termos economia robusta e sustentável”.
A nova líder bloquista – eleita com 439 votos na reunião magna do partido – diz que “o milagroso crescimento económico português é um logro” porque o país “nunca se libertou da prisão do modelo rentista” e há “milhões de pessoas presas na dívida da casa, presas no salário baixo, presas no contrato precário, presas nos turnos e no trabalho sem fim, presas ao cuidado informal”.
Por isso, “a esquerda tem que saber olhar para o essencial” e o “dever de lutar” pelos “mínimos dos mínimos: uma casa, salário decente, ter cuidados”, num tempo em que “as patologias do poder transformaram a política num entretenimento triste”, frisa Mariana Mortágua durante o discurso de encerramento da XIII Convenção Nacional do BE.
Atirando duras críticas ao Governo, a coordenadora do BE avisa que “vivemos um tempo tremendo” que é “um novo ciclo de incertezas, em que se instalou um poder absoluto que só parece preocupado em sobreviver ao dramalhão do 4º andar do ministério, em que, para alguns governantes, as suas carreiras pessoais são mais importantes do que os seus deveres, em que o país é humilhado com decisões arbitrárias e questiúnculas grotescas, em que a política é gerida ao sabor de aprendizes de feiticeiro e spin doctors, em que os anúncios de hoje nada valem amanhã”.
E em jeito de recado ao PS e ao Chega, Mariana Mortágua avisa que “mais tarde ou mais cedo, onde reina o medo, o pior acontece” prometendo combater a direita e impedir “que tenha maioria para impor o seu programa” porque “as sementes do ódio estão aí” e há na direita “uma ânsia de vingança contra os trabalhadores, de desprezo pelos pobres, de regressão nos direitos conquistados”.
Ao PS, a coordenadora do BE salienta que “em pouco mais de um ano se tornou evidente que a maioria absoluta é um tormento de degradação e instabilidade e uma causa de embaraço nacional” e que o “desgaste da vida democrática” também é “criado por quem descredibiliza a República, por quem acha que o sucesso de um governo está em desbaratar bens comuns e empobrecer os cidadãos enquanto abre o champanhe pelos números do défice e do crescimento económico”.
Numa altura em que o partido perdeu votos nas últimas legislativas caindo de 19 para cinco deputados, e com duas metas a curto prazo – eleger mais deputados nas Europeias e recuperar o mandato perdido na Madeira – Mariana Mortágua agarra os comandos do partido frisando que a esquerda “precisa de força suficiente”. Só assim, defende, é possível “impor uma política de habitação que controle os preços e garanta casas, para multiplicar as capacidades dos serviços públicos com carreiras mobilizadoras, para acabar com os truques nos impostos, para garantir contratos de trabalho, salários e pensões decentes e para dedicar os recursos necessários à transição energética”.
Mariana Mortágua tem 36 anos e foi este domingo eleita como nova coordenadora do BE, sucedendo a Catarina Martins que esteve à frente dos destinos do Bloco por mais de dez anos.
Já na primeira intervenção de Mariana Mortágua, durante a reunião magna que decorreu em Lisboa, tinham sido feitas críticas à maioria absoluta do PS, as diferenças de posições entre as duas moções em relação à guerra na Ucrânia e o apontar dos críticos internos à falta de democracia do partido.
A lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional é de continuidade e tem poucas alterações em relação à última convenção, mantendo-se Catarina Martins, Pedro Filipe Soares, Marisa Matias ou Luís Fazenda e regressando o ex-deputado Luís Monteiro, que na reunião magna de 2021 tinha saído deste órgão por estar, à data, envolvido em acusações de violência doméstica.
A Convenção Nacional do Bloco de Esquerda contou com a presença, pelo Governo, do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, e de delegações do PS, através do secretário-geral adjunto, João Torres e da presidente da concelhia de Lisboa do PS, Marta Temido, bem como dirigentes do PCP, do Livre, do PAN e do PEV.
Fora dos convites do Bloco de Esquerda ficaram os partidos da ala direita.
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