Greve de revisores ameaça comboios especiais da Jornada Mundial da Juventude

Sindicato que representa revisores e trabalhadores das bilheteiras apresenta pré-aviso de greve para o período entre 6 de julho e 6 de agosto, último dia da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.

Estão em risco os comboios especiais previstos para transportar os participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O sindicato que representa estes trabalhadores (SFRCI) apresentou nesta quarta-feira um pré-aviso de greve para o período entre 6 de julho e 6 de agosto, coincidindo com a JMJ, que irão decorrer em Lisboa.

A CP está a preparar comboios especiais, com número reforçado de carruagens, para transportar milhares de peregrinos até à capital. Ora, o pré-aviso de greve do SFRCI detalha que, “entre as 0 horas de 6 de julho e as 24 horas de 6 de agosto de 2023, os trabalhadores ferroviários que realizem acompanhamento de comboios para segurança dos utentes e trabalhadores recusam-se a realizar comboios que tenham mais de oito carruagens“, estejam ou não de serviço. “Neste caso e sempre que este limite seja excedido, fazem greve a partir da hora prevista para início da referida circulação até ao final do seu turno de serviço”, detalha o documento.

Aos domingos, por exemplo, na Linha do Norte, os comboios Intercidades da CP têm de circular com mais de oito carruagens para poderem transportar os passageiros que regressam do fim de semana para o local de trabalho ou para as universidades. Quando um comboio tem mais de oito carruagens é obrigatório circular com dois revisores. Só para a semana da JMJ estão previstos 49 comboios especiais para Lisboa a partir das cidades de Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Évora, Beja e Faro, escreveu em maio o jornal Público (acesso pago). Espera-se que estes comboios tenham mais de oito carruagens, o que pode ser inviabilizado caso venha a haver greve.

Para reforçar o impacto da greve, igualmente entre 6 de julho e 6 de agosto, os revisores estarão em greve “à prestação de todo e qualquer trabalho atribuído em comboios (especiais) que não constem nos horários comerciais disponibilizados ao público à data de entrega deste pré-aviso de greve”. Ora, até agora, não há horários dos comboios especiais para a JMJ e também não há informação oficial sobre o início da temporada de 2023 do Comboio Histórico do Douro. Ao ECO, a CP previa o regresso do comboio centenário para 8 de julho. Com esta greve, a data pode estar em risco.

Entre 6 de julho e 6 de agosto também haverá greve à substituição de trabalhadores em greve para acompanhamento de comboios.

Os revisores têm ainda outras paragens “personalizadas” no cardápio: entre 6 e 10 de julho – período que coincide com o festival Nos Alive – os revisores ao serviço da Linha de Cascais “farão greve a partir da sétima hora de serviço“; entre 6 e 11 de julho também haverá greve “a todo e qualquer trabalho que seja atribuído e que não conste na escala de serviço” aos revisores das linhas suburbanas de Sintra e de Azambuja, afetos aos depósitos do Rossio e de Santa Apolónia. Entre 12 e 18 de julho haverá greve às horas extraordinárias e a todo o trabalho suplementar.

Motivos para a greve

O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) justifica a paralisação por estar contra a alegada violação de um acordo relativo ao acompanhamento das marchas em vazio (sem passageiros, entre a oficina e a estação), que pode pôr em causa postos de trabalho dos revisores.

A CP tem contrariado este receio e iniciou mesmo no final de maio um processo para contratar 70 revisores para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. A empresa vai mais longe e lembra que estas operações “têm sido realizadas há mais de 20 anos, sem que tenha havido qualquer incidente de segurança“.

O sindicato SFRCI manifesta-se ainda contra a “discriminação salarial imposta à maioria dos trabalhadores da CP”. A transportadora contesta e alega ter proposto uma subida salarial “uniforme para todos os trabalhadores, num montante aproximado de 50 euros. Ao contrário do que afirma este sindicato, os aumentos salariais de 2023 foram maiores nos trabalhadores com salários mais baixos”.

No final de maio, a CP assinou um novo acordo para aumentos intermédios salariais. O documento foi subscrito por todos os sindicatos menos o SFRCI.

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