60% das empresas portuguesas não tem plano de ação climático

Apesar da falta de planos de ação, 54% das empresas dizem já ter definido metas de redução de emissões, embora só 22% estejam comprometidas com a neutralidade carbónica, revela a PwC.

Seis em cada dez empresas portuguesas assumem não ter um plano de ação para a redução de emissões e/ou para o cumprimento das suas metas climáticas, indica um estudo da PwC.

A consultora considera a percentagem de empresas sem planos de ação para o clima “preocupante”, lê-se no documento de apresentação do NetZero Survey Portugal. Este estudo inquiriu 50 executivos portugueses, em representação de empresas de vários setores económicos, mas onde predomina o setor bancário — 48% destas empresas são de grande dimensão e têm mais de 500 colaboradores.

O mesmo inquérito aponta que 66% das empresas não só têm as alterações climáticas na sua agenda como as consideram prioritárias, e estão mesmo a analisá-las. 32% fazem apenas um “acompanhamento” do tema e 2% não veem as alterações climáticas como um assunto relevante.

Apesar da falta de planos de ação, 54% das empresas dizem já ter definido metas de redução de emissões, embora só 22% estejam para já comprometidas com a neutralidade carbónica. Seja qual for o tipo de meta, a maioria espera alcançá-la em 2030. Apenas no caso da redução das emissões absolutas e da neutralidade carbónica são registadas empresas que têm como horizonte temporal o ano limite de 2050.

Para responder à preocupação de redução de emissões, 84% das empresas indicaram a eficiência energética como principal medida que estão a aplicar, seguida de muito perto pelas energias renováveis (82%).

Quando confrontadas com a questão de qual o principal impacto que as alterações climáticas podem ter na sua atividade, as empresas preocupam-se sobretudo com a disponibilidade de recursos (66%). Numa análise paralela, que é referida neste estudo, a PwC conclui que “55% do PIB global está dependente da natureza de forma moderada ou elevada”.

Riscos climáticos considerados mas pouco aprofundados

76% das empresas portuguesas já avaliaram os riscos climáticos e as oportunidades que estes representam, embora apenas 42% os tenham quantificado. As restantes 34% fazem uma avaliação “qualitativa” e outras 18% garantem ter uma avaliação prevista, embora por concretizar.

“As empresas começam a estar conscientes dos riscos atuais e potenciais das alterações climáticas, e de que os mesmos são aplicáveis independentemente da atividade desenvolvida ou do setor de atuação”, diz o relatório. Mas “existe ainda um longo caminho a percorrer no que toca a este tema e o desafio passa pela integração desta natureza de riscos nos processos atuais de gestão de risco das empresas”, afere a consultora no documento. Os riscos climáticos englobam tanto riscos mais diretos, que a PwC classifica como “físicos” – decorrentes de fenómenos naturais – como os riscos “de transição”, que se dividem em riscos regulamentares, de mercado, tecnológicos ou reputacionais.

Em paralelo, em 2021, a consultora estimou que 79% dos investidores incluem na sua tomada de decisão a gestão dos riscos ESG (ambientais, sociais e de governança).

“Um maior escrutínio dos investidores, as novas obrigações regulatórias, os índices ESG e as alterações nas expectativas dos consumidores representam novas pressões enfrentadas pelas empresas para medir e comunicar as suas iniciativas de sustentabilidade”, identifica o estudo. Nesse sentido, 60% das empresas inquiridas divulgam informação acerca da sua estratégia e desempenho na área do carbono e, fazem-no, principalmente, através de um relatório de sustentabilidade (83%).

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