Smartex do Porto procura novo investimento em 2024

Com novo escritório na cidade do Porto, tecnológica que combate desperdício na indústria têxtil com inteligência artificial defende proposta da União Europeia para esta área.

A Smartex prepara-se para levantar mais investimento em 2024. A tecnológica do Porto, que combate o desperdício na indústria têxtil com inteligência artificial, vai ao mercado procurar a série B de financiamento apesar do atual contexto macroeconómico. A empresa garante ainda estar preparada para os novos regulamentos da União Europeia nesta área.

A mais recente ronda de investimento da Smartex foi anunciada no início de novembro de 2022. A série A rendeu 24,7 milhões de dólares e foi liderada pela sociedade de capital de risco Lightspeed Venture Partners, dos Estados Unidos, e pelo estúdio Build Collective, de Tony Fadell, considerado o “pai do iPod”.

Fundadores da Smartex, da esquerda para a direita: António Rocha, Gilberto Loureiro e Paulo Ribeiro.

A injeção de capital permitiu um fôlego “superior a 24 meses”, admite ao ECO Paulo Ribeiro, um dos fundadores da Smartex. Apesar de um período prolongado de runwayestá nos nossos planos, algures em 2024, fazer uma nova ronda de investimento, de capital privado. Provavelmente, uma série B“, anuncia o líder da equipa de engenharia. “O clima é muito incerto mas confiamos muito no que estamos a fazer e temos métricas que suportam o nosso crescimento. Entregamos um valor inegável ao mercado. Apesar do down market, temos argumentos para irmos ao mercado”, ambiciona.

Fundada no início de 2019, a tecnológica já conta com mais de 100 clientes em 14 mercados. Portugal, Itália, Turquia, Uzbequistão, Bangladesh, Egito, Brasil, Tailândia, Paquistão e Indonésia são os principais países já conquistados pela solução que recorre a câmaras para a captação de imagens dos tecidos, assim que saem dos teares. As imagens são passadas a pente fino por um software de inteligência artificial que permite reduzir os desperdícios de tecidos e peças de roupa com defeito.

O clima é muito incerto mas confiamos muito no que estamos a fazer e temos métricas que suportam o nosso crescimento. Entregamos um valor inegável ao mercado. Apesar do down market, temos argumentos para irmos ao mercado

Paulo Ribeiro

Co-fundador da Smartex

A empresa mudou-se há mês e meio para um novo escritório na zona empresarial do Porto, um antigo armazém com 1.400 metros quadrados, deixando de estar dividida em três espaços do UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto). Na Turquia, a tecnológica conta com um escritório num cowork da cidade de Istambul, depois de no início do ano ter comprado uma empresa de inteligência artificial neste mercado.

Regras IA da UE dão linha ao negócio

Mais recentemente, a Smartex também criou um “passaporte” para tecidos, que permite rastrear o material em todas as suas etapas a partir da leitura de um código QR. “Começámos com o produto de inspeção automatizada com recurso a inteligência artificial. Consolidámos esse produto e estamos a expandi-lo a nível internacional. Apercebemo-nos através do feedback dos nossos clientes que havia outras oportunidades que conseguíamos agarrar facilmente. O Smartex Loop é disso exemplo, pois estamos a atacar a falta de soluções de rastreabilidade na nossa indústria. Há uma procura muito grande por este produto, sobretudo com a questão da regulação da União Europeia”, nota Paulo Ribeiro.

Em meados de junho, o Parlamento Europeu deu “luz verde” às primeiras regras da UE para a inteligência artificial, de forma a proibir a vigilância biométrica e impor transparência em sistemas como ChatGPT. “Estas regulações têm jogado a nosso favor, pois estão a forçar o mercado a procurar outras soluções. Estamos bem posicionados porque temos a acesso a dados recolhidos na máquina e que não são de inputs manuais — ou seja, são mais fiáveis.”

Numa altura em que Estados Unidos e UE apertam as regras, avizinha-se como mais desafiante uma futura aposta na China, onde a Smartex ganhou corpo, no programa de aceleração HAX, na cidade de Shenzhen. “Impacto tem certamente”, reconhece Paulo Ribeiro. Ainda assim, “os dados que recolhemos são guardados em estado europeu e temos de responder à regulamentação europeia em proteção de dados dos nossos clientes. Levamos isso muito a sério”.

Apesar das dificuldades, a tecnológica do Porto não pode prescindir da China, que “detém metade da produção de têxtil do mundo”. “Quando dermos o salto internacional, vamos levar as boas práticas de dados connosco. Quando sentimos que não temos conhecimento dentro de porta, recorremos a parceiros externos que nos conseguem garantir que estamos a implementar boas práticas.”

Os progressos na inteligência artificial têm dado que falar desde o início do ano. Além da conversa praticamente natural do ChatGPT, empresas como a Nvidia têm sentido fortes valorizações no mercado, por conta do forte interesse na área. A Smartex não embarca neste entusiasmo: “nós fazemos análise de imagem. O boom está relacionado com modelos de linguagem.” Paulo Ribeiro assume o uso deste tipo de soluções “mas que não substitui nenhuma das nossas tarefas”. Em algumas equipas, o nível de produtividade tem aumentado entre 20% e 30%.

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