Aumentou procura por taxa fixa e mista, mas taxa variável ainda domina no crédito da casa

Subida das taxas de juro fez aumentar procura por empréstimos da casa com taxa mista e fixa no ano passado, mas a taxa variável continuou a dominar.

As famílias portuguesas contrataram mais crédito da casa com taxa de juro fixa e mista em 2022, mas a taxa variável continuou a ser a preferida, estando presente em oito em cada dez contratos que foram celebrados num ano marcado pela subida acentuada dos juros.

Cerca de 80% dos empréstimos à habitação tiveram taxa variável no ano passado, aproximadamente menos cinco pontos percentuais em relação a 2021, de acordo com o Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito de 2022, divulgado esta terça-feira pelo Banco de Portugal.

Em contrapartida, aumentou a importância dos créditos da casa com taxa mista e fixa, tanto em número de contratos como em montante. No caso da taxa mista, que tem um período inicial de taxa fixa seguido de um período de taxa variável, passou a representar 12,3% dos contratos celebrados (10% em 2021) e 14,3% do montante de crédito concedido (10,7% em 2021). Quanto aos contratos com taxa fixa, representaram 6,9% do número de contratos celebrados e 6,4% do montante de crédito concedido, o que compara com 5,1% e 4,6% em 2021, respetivamente.

O Banco de Portugal explica que o aumento da procura por crédito à habitação com taxa de juro fixa ou mista, “que permite evitar alterações na prestação mensal (temporariamente, no caso da taxa mista), verifica-se num contexto de aumento das taxas de juro de referência“, nomeadamente as Euribor, o indexante mais usado nos contratos com taxa variável e que dispararam no último ano e meio para máximos de 15 anos por conta do aperto do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a inflação.

De resto, estes dados comparam com aquilo que continua a ser a realidade do mercado: a generalidade dos contratos que os bancos tinham em carteira no final de 2022 tinha taxa variável, aproximadamente 90%, e que reflete um velho hábito em Portugal de se pedir um empréstimo para a compra de casa com taxa variável. Esta tradição já foi estudada pelo Banco de Portugal: as famílias portuguesas não querem fixar a taxa porque tem sido historicamente mais caro no imediato e preferem acreditar na possibilidade de os juros descerem no futuro, enquanto os bancos têm mais dificuldades em assegurar uma oferta de taxa fixa mais competitiva.

Segundo o supervisor, a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) média dos contratos de crédito à habitação celebrados em 2022 foi de 3,7%, um aumento de um ponto percentual em relação à TAEG média do ano anterior. A TAEG média nos novos contratos a taxa variável foi de 3,5% (2,6% em 2021), tendo sido mais elevada nos contratos a taxa mista (4,1%) e a taxa fixa (4,5%). Mas, hoje em dia, pedir um empréstimo para comprar casa com taxa variável já custa mais do que com taxa fixa.

(Notícia atualizada às 11h55)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Aumentou procura por taxa fixa e mista, mas taxa variável ainda domina no crédito da casa

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião