Auchan vai comprar toda a operação do Grupo Dia em Portugal por 155 milhões

Acordo assinado entre a Auchan Portugal e o Grupo Dia abrange as 489 lojas Minipreço. Grupo Dia saí da distribuição alimentar de proximidade em Portugal.

A Auchan vai comprar a totalidade da operação em Portugal do Grupo Dia por 155 milhões de euros. Em causa estão 489 lojas de proximidade e a integração dos 2.650 colaboradores do Minipreço.

O acordo assinado esta quinta-feira entre a Auchan Portugal e o Grupo Dia — que ainda está sujeito à aprovação da Autoridade da Concorrência e por isso a sua conclusão só será feita nos próximos meses — vai implicar a saía do Grupo Dia a distribuição alimentar de proximidade em Portugal concentrando o seu foco estratégico em países onde tem “uma posição de relevância que lhe permita estabelecer a sua proposta de valor com a ambição de ser a Loja de bairro e online favorita dos clientes”, explica a Auchan em comunicado enviado às redações.

O perímetro da operação inclui 489 Lojas da insígnia Minipreço e Mais Perto, em regime próprio ou franchisado, três armazéns, além dos contratos, licenças e ativos necessários para a operação. Além disso, o acordo garante a integração dos 2.650 colaboradores do Minipreço.

O presidente executivo global do Grupo Dia justifica operação com a “fase de consolidação do crescimento” que a empresa atravessa. “O nosso objetivo é que a Dia se concentre nos países onde tem potencial de crescimento. Para isso é necessário enfrentar o cenário atual e simplificar o perímetro do Grupo Dia”, explica Martín Tolcachir, citado no mesmo comunicado.

O responsável garante que “a decisão de vender o negócio em Portugal não foi fácil, mas é a acertada” dada a necessidade de “centrar esforços nos mercados” onde consideram ser “mais relevantes” e onde têm “capacidade de crescer com uma única insígnia, Dia”.

A decisão de vender o negócio em Portugal não foi fácil, mas é a acertada.

Martín Tolcachir

CEO do grupo Dia

A rede de supermercados DIA perdeu 67 milhões de euros no primeiro semestre do ano, reduzindo as perdas em 35,8% em relação ao período homólogo, segundo os dados avançados pela empresa esta quinta-feira ao mercado. Até junho, o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 20%, para 98 milhões de euros, e a margem bruta baixou 3,3%, para 729 milhões de euros.

No caso específico das lojas em Portugal, as vendas líquidas do Minipreço aumentaram 4,1% no primeiro semestre, para 295 milhões de euros, com as vendas comparáveis a crescerem 7,3%. O que, na ótica do grupo detentor, que acaba de vender esta operação, demonstrou “a resiliência do negócio num cenário desafiante devido à entrada e expansão de novos operadores no mercado” português, como é o caso da Mercadona.

Já para a Auchan, que conta com 93 lojas em Portugal, este negócio representa um aumento da capilaridade, aproveitando o modelo de negócio do franchising, que querem desenvolver já que historicamente, a Auchan sempre esteve mais concentrada nos hipermercados. “Esta aquisição representa uma forte aposta da Auchan, ao juntar a sua experiência de mais de 50 anos de hipermercados em Portugal ao segmento de proximidade e também ao modelo de franchising, que é um dos pontos fortes do Minipreço”, explica o diretor-geral da Auchan Retail Portugal, Pedro Cid, em comunicado.

Nos últimos anos a Auchan tem vindo a tentar crescer neste segmento da proximidade através da abertura de lojas My Auchan.

Este negócio segue as pisadas do que aconteceu na vizinha Espanha. Em março deste ano, a Auchan concluiu a compra dos 235 supermercados de tamanho médio do Grupo DIA por 267 milhões de euros. O acordo para o negócio já tinha sido alcançado em agosto do ano anterior, mas aguardava as autorizações necessárias dos reguladores. O DIA justificou este negócio, quando foi conhecido, por os supermercados de tamanho médio não se enquadrarem na estratégia da empresa focada em estabelecimentos de proximidade, ou lojas de bairro, mais pequenas.

No final de 2022, o Grupo DIA tinha 5.699 lojas em quatro países – Espanha, Portugal, Argentina e Brasil – e fechou com prejuízos de 124 milhões de euros, menos 51,9% do que em 2021. As vendas globais do grupo aumentaram no ano passado 9,6% e cresceram em todos os quatro mercados, embora com dimensões diferentes e com o valor mais baixo a ser registado em Portugal, mais 0,5% (para 596 milhões de euros), contra 5,4% em Espanha, 10,9% no Brasil e 30,8% na Argentina.

(Notícia atualizada com mais informação)

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