Do sprint à maratona. Como a sua carreira pode beneficiar com a rotina dos atletas?

Estará algum colaborador a fazer demasiados sprints seguidos? E estão todos a receber a formação necessária, pondo depois em prática no campo, que é como quem diz no seu trabalho diário?

O que é que o seu local trabalho ou a sua carreira tem a aprender com a rotina de treinos e descanso dos atletas? Talvez mais do que imagina. Estará um colaborador a fazer demasiados sprints seguidos? A receber a formação necessária para se adaptar às novas tecnologias, como a IA, e a utilizar essas novas competências no campo, que é como quem diz, no seu trabalho diário? E nada se faz sem uma ‘equipa de apoio’.

“Os líderes devem capacitar os colaboradores para utilizarem todo o seu potencial — de forma sustentável — na maratona que é uma carreira”, defende a Microsoft.

Em “Sports Training Principles”, o médico Korey Kasper apresenta seis princípios que considera fundamentais para melhorar o desempenho e a condição física de um atleta. Mas esses princípios não se restringem ao desporto, e assentam ‘que nem uma luva’ no mundo do trabalho.

1. Sobrecarga: Esticar, sem rebentar

Para ficarem mais fortes, os atletas precisam de expor os seus tecidos a uma tensão maior do que a que estão habituados. Imagine um treinador que acrescenta um pouco mais de peso à barra de alguém. Mas, se exagerar na carga, o atleta pode magoar-se.

Ora, no trabalho, tal como os treinadores, “os líderes têm de proporcionar aos colaboradores o grau certo de desafio para os ajudar a crescer sem os sobrecarregar“, defende a Microsoft. Um equilíbrio que tem sido, contudo, difícil de encontrar. De acordo com o “Work Trend Index”, o mais recente estudo da tecnológica, dois em cada três inquiridos (67%) dizem que as elevadas cargas de trabalho que têm impedem um melhor desempenho.

2. Progressão: Alcance metas de forma gradual

No desporto, para haver progressão, é preciso aumentar a intensidade do treino, quer seja adicionando mais peso, voltas ou repetições. Mas o ritmo da progressão ao longo do tempo também é crucial. “Se estiver fora de forma e tentar treinar para uma maratona em apenas algumas semanas, pode lesionar-se. O segredo é encontrar o nível certo para uma progressão gradual”, explica a Microsoft.

No trabalho, o “Work Trend Index” concluiu que a principal dificuldade que os colaboradores enfrentam é não ter tempo e energia suficiente para fazer as coisas. “Imagine-se a fazer uma apresentação importante. É o equivalente, em termos de trabalho, a um dia da corrida. Precisa de tempo suficiente para estar bem preparado”, compara.

3. Individualização: Esqueça o “one size fits all”

Todos somos diferentes, incluindo atletas e profissionais. Temos diferentes formas e tamanhos de corpo, histórias, bloqueios mentais ou circunstâncias de vida. “Por isso, um atleta precisa de se adaptar a um regime de treino, mas o inverso também deve acontecer.”

E, no mundo laboral, as pessoas precisam de mais ferramentas do que nunca para personalizar o trabalho, de modo a que este se adeque melhor a cada colaborador. O trabalho híbrido, neste campo, teve um papel crucial: “normalizou horários mais flexíveis, dando às pessoas a possibilidade de sair para fazer exercício ou acompanhar um familiar ao médico”.

4. Reversibilidade: Use-o ou perca-o

No desporto, “reversibilidade” é a terminologia desportiva para o princípio de que se não mantiver o nível desportivo, o seu desempenho e condição física diminuirão. Por isso, os treinadores incentivam os atletas a manterem-se em forma durante as férias.

Transpondo este princípio para o trabalho, para os líderes, esta ‘regra’ é mais importante quando se trata de ajudar as equipas a aprender e a crescer no trabalho. “As organizações investem biliões de dólares todos os anos na atualização e requalificação dos colaboradores, mas se os colaboradores não utilizarem o que aprendem, provavelmente não se lembrarão. É a isso que os investigadores se referem como a ‘curva do esquecimento'”, afirma a Microsoft. “À medida que a IA transforma a forma como trabalhamos, o investimento na aprendizagem nunca foi tão crucial. E 85% dos colaboradores afirmam que ter oportunidades suficientes para praticar novas habilidades beneficiaria o seu desempenho.”

5. Periodização: Treine, descanse, repita

Um atleta não pode estar sempre a trabalhar mantendo os mesmos níveis de desempenho, é crucial que respeite períodos de descanso e recuperação entre uma série de ciclos.

Também no mundo laboral, um bom desempenho só pode ser mantido ao longo do tempo se os colaboradores estiverem bem descansados. O risco de burnout, bem como o custo que representa para as organizações, continua a ser elevado. No estudo “Work Trend Index”, 49% dos inquiridos afirmam sentir-se esgotados, um número que sobe para 54% no caso dos decisores empresariais.

6. Especificidade: Alcance o objetivo final

O treino dos atletas é, normalmente, concebido para corresponder a um objetivo específico. Se for atleta de corrida de longa distância, por exemplo, precisará de treinar as pernas para absorver os pequenos e contínuos choques da modalidade.

Ora, está na altura de questionar-se: ‘O trabalho diário dos seus colaboradores corresponde ao resultado que gostaria que eles atingissem?’. Ou, por outras palavras, estarão a exercitar diariamente os músculos certos de modo a atingir os objetivos e crescer na sua função?

Os números dão que pensar: “65% dos colaboradores dizem que não têm prioridades e objetivos suficientemente claros para realizarem o seu trabalho e 66% dizem que não têm motivação suficiente. Os colaboradores têm dificuldades quando não sabem o seu ‘porquê’, e compreender a ligação entre as suas tarefas diárias e o panorama geral é essencial para o seu desempenho”, alerta a gigante tecnológica.

7. Equipas de apoio: Tire partido da sua rede de apoio

No desporto, as ‘equipas de apoio’ são toda a rede que apoia os atletas para que estes atinjam os seus objetivos dentro do campo. E nas empresas não é muito diferente.

Um recente estudo da Visa — junto a 4.028 mulheres, entre 19 e 23 de junho, em Portugal, Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha — aponta para que as mulheres líderes de pequenas empresas que têm uma ‘equipa de apoio’ muito forte (um grupo de amigos, familiares ou colegas) têm mais do dobro da probabilidade de registar um crescimento nas receitas das suas empresas, no último ano, do que aquelas que dizem que a sua ‘equipa’ não é nada forte (75% versus 65%).

Além disso, quase todas (99%) as mulheres líderes de pequenas empresas inquiridas afirmam que a rede de apoio é fundamental para atingirem os seus objetivos profissionais, com oito em cada dez a admitirem que a sua empresa não estaria onde está hoje sem uma rede de apoio.

Fiabilidade (57%), a honestidade (58%) e a positividade (53%) são os três principais atributos que as líderes de empresas procuram quando constroem as suas equipas de apoio. A diversidade de pontos de vista também destacada com 94% das líderes empresariais a afirmar que, quando se trata de atingir os seus objetivos profissionais, valorizam diferentes perspetivas.

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