Centeno não fala em pausa mas diz que BCE “precisa de ser cauteloso”

A partir de Jackson Hole, o governador do Banco de Portugal frisou que os riscos negativos para a economia se materializaram e que o BCE vai ter isso em conta na decisão de setembro.

Em Jackson Hole, para participar no simpósio anual organizado pela Fed, Mário Centeno não falou em pausas nas subidas das taxas de juro, mas disse que o Banco Central Europeu (BCE) precisa de ser cauteloso na próxima decisão. “Os riscos negativos [para a economia] que identificamos em junho materializaram-se. Temos de ter isso em conta”, avisou o governador do Banco de Portugal, em entrevista à Bloomberg TV.

Centeno recusou-se a antecipar qual será a decisão do BCE na reunião que está agendada para 14 de setembro, ainda que o mercado preveja já uma pausa na subida dos juros, tendo em conta a deterioração dos indicadores económicos.

O governador do banco central português concordou que foram surpreendidos pela negativa, mas destacou que o BCE tem orientado a sua política e decisões com base nos dados económicos e não vai fugir a esta regra. “Pausa em setembro? Temos sido dependentes dos dados nas nossas decisões. Há muitos dados para serem divulgados até setembro. Vamos ter novas previsões, que nos dirão como decorre a transmissão da política monetária na inflação e na economia. Vamos decidir isso [pausa] em setembro”, referiu.

Apesar de não abrir o jogo, Centeno – conhecido por ser uma pomba – frisou que o BCE precisa de ser “complacente” com o aperto que já fez até agora e tem de ter em conta que as subidas dos juros em 425 pontos base no período de pouco mais de um ano, embora já estejam a ter impacto na economia, demoram algum tempo a produzir efeitos.

Por outro lado, argumentou que “a inflação está a cair mais rapidamente do que subiu”, um sinal de que o “BCE tem tido sucesso” na “missão até agora”. Sendo “demasiado cedo” para declarar vitória contra a inflação, o BCE tem de olhar para estes números, disse o responsável português aos microfones da Bloomberg.

Centeno explicou que o BCE foi obrigado a agir porque a inflação estava a ser um elemento desestabilizador da economia. Agora espera que não seja o banco central a ser o fator perturbador. Algo que não tem sido até agora, segundo o português: “Temos de ser cuidadosos nas nossas decisões. Temos sido razoáveis nas nossas decisões”.

(Notícia atualizada às 16h46)

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