Novos bairros comerciais digitais vão envolver 25 mil lojistas com investimento de 77 milhões
Programa do PRR para o comércio de proximidade recebeu 160 candidaturas, tendo sido aprovados 95 projetos. Investimento ascende a 77,5 milhões de euros, mas 25 milhões aguardam luz verde de Bruxelas.
Um total de 25 mil estabelecimentos comerciais espalhados pelo país vão ser abrangidos pelo programa Bairros Comerciais Digitais (BCD), incluído no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que visa modernizar o comércio de proximidade. A partir de um total de 160 candidaturas recebidas, foram aprovados 95 projetos, num investimento elegível de 77,5 milhões de euros.
Os resultados deste programa foram apresentados esta quarta-feira no Palácio da Bolsa, no Porto, com o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, a salientar que às 65 candidaturas selecionadas que absorvem a dotação inicial de 52,5 milhões de euros acrescem outras 30 ainda condicionadas à aprovação da reprogramação do PRR por parte da Comissão Europeia, onde está previsto um reforço de 25 milhões para esta medida.
Os dados relativos à distribuição geográfica destes apoios previstos na chamada bazuca europeia — têm como objetivo valorizar o comércio de rua e dinamizar polos comerciais de proximidade e ao livre com uma gestão comum — mostram que a região nortenha lidera o investimento total, com quase 25 milhões de euros.
- Norte: 24,9 milhões de euros | 30 BCD
- Centro: 22,8 milhões de euros |32 BCD
- Lisboa: 10,6 milhões de euros | 10 BCD
- Alentejo: 7,3 milhões de euros | 10 BCD
- Algarve: 6,7 milhões de euros | 7 BCD
- Açores: 3,1 milhões de euros | 4 BCD
- Madeira: 2 milhões de euros | 2 BCD
Em concreto, os projetos aprovados incluem medidas como plataformas online com a oferta comercial local, novidades, promoções ou eventos; pontos de acesso à internet para os clientes das zonas comerciais; a gestão inteligente da venda e da entrega de encomendas (sistemas coletivos de logística e transporte); sistemas de gestão de tráfego ou de estacionamento inteligentes; aplicações móveis para agilizar e facilitar os processos de compra e venda; ou estruturas interativas de rua com toda a informação do bairro.
Contabilizando que o setor do comércio representa 27% do total das empresas e 28% dos empregados, apontando-o como um “fator de vitalidade e regeneração das cidades e vilas do país”, o secretário de Estado descreveu um “processo participado e mobilizador”, que juntou municípios, lojistas e associações comerciais para “dar resposta às tendências de um consumidor mais tecnológico e que procura mais comodidade”.
Na abertura da sessão de apresentação de resultados, Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, que ao longo dos últimos anos tem sido muito crítico das prioridades traçadas pelo Executivo socialista para o PRR, destacou que “esta é uma boa exceção”, fazendo “votos para que os projetos sejam totalmente executados”.
Já o líder da autarquia portuense, que esteve envolvida em dois projetos (Baixa Digital e Bombarda Digital), sublinhou que “o comércio tradicional, os pequenos serviços e o turismo representam o pulsar do tecido económico das cidades”, tendo permitido “recuperar para o mercado de trabalho pessoas menos qualificadas que já tinham perdido a esperança de voltar a trabalhar”. Rui Moreira alertou, contudo, para o “desafio da falta de recursos e competências digitais nas empresas de menor dimensão”, que vai exigir a qualificação dos operadores destes setores.
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