Jornada Mundial da Juventude ficou abaixo das expectativas dos hotéis em Lisboa

Taxa de ocupação do setor hoteleiro ficou "bastante abaixo das perspetivas", diz a presidente da AHP. Preço médio por noite subiu para 221 euros por noite em Lisboa e 196 euros na área metropolitana.

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorreu entre 1 e 6 de agosto em Lisboa, ficou aquém das expectativas do setor hoteleiro, quer na Área Metropolitana de Lisboa (AML), quer na capital. Já o preço médio pago por noite disparou face ao habitual para o mês de agosto. Em Lisboa, o preço médio foi de 221 euros por noite, isto é, mais 25 euros do que os 196 euros por noite praticados, em média, ao longo de todo o mês de agosto.

Os dados constam do inquérito apresentado esta quarta-feira pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e que foi feito entre 4 a 18 de setembro, com uma amostra de 152 empreendimentos. Este inquérito teve como objetivo fazer um balanço do impacto da JMJ no setor hoteleiro, pelo que espelha os dados dos inquiridos nessa semana (de 31 de julho a 6 de agosto), mas também em todo o mês de agosto.

O inquérito apontou para uma taxa de ocupação de 85% nos hotéis da AML (excluindo a cidade de Lisboa), isto é, abaixo dos 89% esperados no inquérito que tinha sido realizado no início de junho. Mas o menor impacto foi ainda mais notório na capital: o setor registou uma taxa de ocupação de 77%, isto é, menos 13 pontos percentuais do que o esperado (estimavam uma taxa de ocupação de 90%).

Ao longo do mês de julho, o setor já tinha avisado que “o entusiasmo estava a arrefecer”, mas os dados “ficaram bastante abaixo das perspetivas“, admitiu Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, na apresentação realizada esta quarta-feira.

Durante a JMJ, a taxa de ocupação do setor hoteleiro ficou, deste modo, abaixo do registado em todo o mês de agosto (incluindo a semana do evento). No entanto, o balanço do mês também ficou ligeiramente abaixo face ao período homólogo. Este ano, os hotéis da AML registaram uma taxa de ocupação de 88% em agosto, contra os 90% registados em agosto de 2022. Já em Lisboa, a taxa de ocupação foi de 80%, contra 90% no ano passado. Ainda assim, ambas ficaram acima do registado na semana da JMJ.

Este impacto foi sinalizado pelos inquiridos, com mais de um terço (37%) na cidade de Lisboa a registar um impacto negativo da realização da JMJ, enquanto na AML a fatia encolhe para apenas 16%.

Preço médio de 221 euros durante a JMJ

Quanto ao preço médio pago por noite, disparou durante as JMJ, assim como face ao ano anterior, com Cristina Siza Vieira a falar num “crescimento muito robusto”. Na AML, o preço médio das respostas dos hoteleiros durante o evento da Igreja Católica situou-se nos 196 euros / noite na AML, enquanto em Lisboa foi de 221 euros / noite. Este valor ficou, no entanto, aquém das perspetivas do setor que apontavam para um preço médio de 219 euros / noite e 225 euros / noite, respetivamente.

Já no que respeita ao total do mês de agosto, de acordo com o inquérito da AHP, o preço médio por noite na AML foi de 183 euros, isto é, um aumento de 10,2% face ao período homólogo (era de 166 euros/noite). Já em Lisboa, foi de 196 euros/noite, mais 12% face a agosto de 2022 (estava em 175 euros/noite). Contas feitas, o preço médio praticado na capital durante a JMJ foi 25 euros mais caro face ao registado em todo o mês de agosto. Já se a comparação for feita com agosto do ano passado, foram mais 46 euros.

No que respeita à duração das estadias não houve grandes alterações face ao esperado. Durante a JMJ, os inquiridos da AHP registaram uma estada média de 3 a 5 noites (quer na AML quer em Lisboa), tal como aconteceu na AML em agosto. Já na capital, a estada média em agosto foi de 1 a 3 noites, como habitual.

Quanto aos principais mercados registados, também houve “surpresas” à boleia da JMJ. Durante o evento, Espanha, Portugal e EUA foram os três principais na AML, enquanto em Lisboa o pódio foi ocupado por EUA, Espanha e Brasil. Este inquérito revelou ainda que 56% dos hotéis da AML inquiridos tinham reservas relacionadas com participantes da JMJ, enquanto em Lisboa a percentagem ascendia a 67%.

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