Vítor Constâncio avisa que são “inevitáveis recessões suaves de curta duração na Europa e EUA”

Vítor Constâncio, antigo governador do Banco de Portugal e ex-vice do Banco Central Europeu (BCE) defende que "os bancos centrais terão de pensar em aumentar o objetivo da inflação para 3%".

Vítor Constâncio afirma que são “inevitáveis recessões suaves de curta duração na Europa e EUA”, o que vai “ajudar a conter a inflação e abre a possibilidade de corte das taxas juro no próximo ano”. Mesmo assim, o antigo vice-governador do BCE defende que não se voltará ao “regime de inflação muito baixa que tivemos”, sugerindo mesmo uma alteração da meta dos bancos centrais de uma taxa de 2%.

As previsões do antigo governador do Banco de Portugal assentam no facto de “o setor bancário desde abril/maio [ter entrado] num processo de restrição das condições de oferta de crédito que terá consequências sobre a economia” e pelo aumento das taxas de juro ter começado a ter “efeitos na habitação e construção, que estão a descer em vários países europeus”, explicou no congresso da Ordem dos Economistas.

Com as taxas de juro a nível elevado, para combater a inflação, poderá existir mais “instabilidade financeira com a queda de preços dos ativos e aumento do malparado”, existindo também o risco de estagflação, ou seja, crescimento médio a longo prazo baixo acompanhado de inflação ainda elevada.

É com base nestes aspetos que o ex-governador do Banco de Portugal antecipa que “a prazo haverá uma ligeira recessão, o que contribuirá para ajudar a redução da inflação e a convergência para os objetivos dos bancos centrais”, como apontou na sua intervenção sobre os “Desafios de Portugal no contexto Europeu”. Estas previsões são condicionais às tensões geopolíticas, que “podem gerar mais inflação”.

Mas nestes cenários, mesmo com o abrandamento da inflação, o “consenso é que não voltaremos a regime de inflação muito baixa que tivemos” nos últimos 20 anos, nota.

O economista aponta assim que, se estiver correta a previsão de que a “tendência inflacionista será superior do que tivemos em algumas décadas”, isso implica que, a médio prazo, “após restabelecer a credibilidade e da normalização, os bancos centrais terão de pensar em aumentar o objetivo da inflação para 3%”, defende.

É que, detalha, “manter o objetivo dos 2% significa introduzir um enviesamento recessivo permanente na política monetária”, pelo que a “economia tocará mais vezes inflações muito baixas”.

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