Bolsa de Lisboa cai quase 3% após demissão do primeiro-ministro

Instabilidade política desencadeada pela demissão de António Costa arrasta índice português para perdas de quase 3%. Mota-Engil cai quase 9% e os pesos pesados BCP e Galp cedem 4%.

A bolsa de Lisboa está a cair quase 3%, depois de o primeiro-ministro ter pedido a demissão na sequência de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça por causa de negócios relacionados com o lítio, hidrogénio verde e dados.

O PSI cede 2,98% para 6.199,82 pontos, intensificando as perdas da manhã, e isto após António Costa ter anunciado ao início da tarde que apresentou a demissão ao Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa falará sobre a situação política na próxima quinta-feira após reunir o Conselho de Estado.

A pressão vendedora está a castigar sobretudo a Mota-Engil, que está a derrapar quase 9%, e ainda os pesos pesados Galp e BCP, que cedem 4%, mas nenhuma cotada está a ser poupada pelos investidores.

A palavra-chave é incerteza. Os investidores reagem violentamente quando há incerteza. É o que está a acontecer no PSI com a instabilidade política que se gerou”, referiu Eduardo Silva, diretor-geral da XTB Portugal, ao ECO. “Estamos perante um episódio de turbulência, mas será uma volatilidade de curto prazo até que haja maior clareza. Não se espera que este caso venha a mudar a tendência geral”, acrescentou o responsável.

Também os analistas da sala de mercados destacam a queda expressiva do PSI devido ao pedido de demissão de António Costa. “A instabilidade leva o índice de ações português a perder 2,5%“, dizem os analistas.

Apesar da maior aversão ao risco no PSI, os juros da dívida portuguesa seguem relativamente estáveis. A yield associada às obrigações a dez anos recua cerca de dois pontos base para 3,409%, pese embora as taxas das obrigações espanholas e italiana apresentem quedas mais expressivas, na ordem dos 6 pontos base.

“Houve aqui uma reação inicial dos investidores face à incerteza, mas deverá normalizar”, explica Vítor Madeira, da XTB.

António Costa demitiu-se depois de a sua residência oficial ter sido alvo de buscas esta manhã e de a PGR revelar que o Supremo Tribunal de Justiça vai analisar suspeitas de que o primeiro-ministro terá tido intervenção para “desbloquear” os negócios do lítio, hidrogénio e data center que estão a ser investigados.

“A dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade e boa conduta e menos ainda com a suspeita de de qualquer ato criminal”, referiu António Costa.

No âmbito das investigações, foram detidos o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e o consultor e “melhor amigo” do primeiro-ministro, Diogo Lacerda Machado, assim como o presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, e ainda dois gestores de empresas. O ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.

(Notícia atualizada às 15h49)

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