Venda do Finibanco Angola conduz Banco Montepio a perdas consolidadas de 21,2 milhões até setembro
Nos primeiros nove meses do ano, em que teve lucros recorrentes de 94,9 milhões devido à “variação positiva da margem financeira e comissões”, Montepio reviu 9 mil contratos de crédito à habitação.
O Banco Montepio reportou esta segunda-feira um resultado líquido consolidado recorrente de 94,9 milhões de euros, o que representa um aumento de 71 milhões de euros face aos 23,9 milhões registados no período homólogo de 2022, com o rácio Common Equity Tier 1 e o rácio de Capital Total (fully implemented) a ascender a 15% e a 17,8%, respetivamente.
Em comunicado enviado à CMVM, a instituição financeira justifica que “a evolução favorável dos resultados recorrentes foi determinada pelo aumento do produto bancário core, consubstanciado na variação positiva da margem financeira e das comissões”. Por outro lado, com a concretização da venda de 51% do Finibanco Angola, comunicada no início de julho, foi “concluído com sucesso mais um importante compromisso assumido no Programa de Ajustamento, contribuindo para a simplificação da estrutura societária e para o reforço do enfoque no mercado doméstico”.
No entanto, acrescenta na mesma nota, “em conformidade com o estipulado na IAS 21, o registo contabilístico do efeito não recorrente resultante da reciclagem da reserva cambial negativa associada à desconsolidação do Finibanco Angola determinou o apuramento de um resultado líquido consolidado negativo de 21,2 milhões de euros, sem qualquer impacto na situação líquida ou nos rácios de capital”.
Apesar desta performance até setembro, o Banco Montepio deverá evitar que as contas de 2023 fechem no vermelho, como o ECO noticiou na semana passada. O resultado deverá ser positivo, mas ficará próximo de zero, de acordo com o que o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) transmitiu numa reunião recente com os conselheiros da instituição. Se isto significa que o banco vai conseguir anular o impacto da venda do negócio em Angola, também não terá grandes lucros para distribuir pelos acionistas. Em contraste com os lucros expressivos do setor.
Num período em que o produto bancário core atingiu 396,6 milhões de euros (+52,1% YoY, com a margem financeira a aumentar 73,7% e as comissões 9,2%), o crédito a clientes fixou-se em 11,8 mil milhões em termos brutos, com o segmento de empresas a representar quase metade (47%) do total. Já os depósitos de clientes ascenderam a 12,9 mil milhões, valendo os particulares 73% do total.
Por outro lado, o banco liderado por Pedro Leitão contabiliza que o apoio às famílias portuguesas, através da “adoção proativa de iniciativas internas” e da aplicação das medidas aprovadas pelo Governo para mitigar os efeitos do aumento das taxas de juro de referência, já envolveu mais de 9 mil contratos de crédito à habitação.
Entre janeiro e setembro, os custos operacionais totalizaram 198,8 milhões de euros, acima dos 174,5 milhões apurados no mesmo período do ano passado. E traduzindo um aumento de 6,3% se forem excluídos os 13,4 milhões de custos relacionados com o “programa de ajustamento” do quadro de trabalhadores, assinala ainda.
Três anos depois de ter iniciado um plano de ajustamento de pessoal de larga escala, prevendo a saída de centenas de trabalhadores, as contas (ainda provisórias, mas praticamente fechadas) apontam para a saída de 645 pessoas no âmbito do plano, dos quais 332 através de rescisões por mútuo acordo, 311 através de reformas antecipadas e dois por suspensão de prestação de trabalho.
A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) controla mais de 99% do banco, mas a estrutura acionista conta com mais 37 pequenos acionistas da economia social, como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e outras misericórdias e associações de todo o país, que detêm uma participação “simbólica” de 0,007%.
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