Bruxelas acredita que crise política em Portugal “não vai ter impacto no investimento”

Comissário europeu destaca a decisão de aprovar o Orçamento do Estado antes das eleições e salienta que há apenas "pequenas diferenças" nas previsões de Bruxelas face às do Executivo português.

A crise política em Portugal “não vai impactar o investimento no país”, acredita o comissário europeu para a Economia. Paolo Gentiloni destacou esta quarta-feira o facto de as autoridades portuguesas terem decidido “aprovar o Orçamento do Estado antes das eleições” antecipadas, não perspetivando efeitos negativos no investimento.

Gentiloni, que falava na conferência de imprensa de apresentação das previsões económicas de Outono, salientou ainda que existem apenas “algumas pequenas diferenças nas estimativas [da Comissão Europeia] relativamente às projeções das autoridades portuguesas“. Bruxelas prevê um crescimento do PIB de 2,2% em 2023 e 1,3% em 2024 — abaixo dos 1,5% estimados por Fernando Medina.

“No que diz respeito à dívida pública, temos algumas diferenças”, admite o responsável. Bruxelas vê apenas um rácio abaixo dos 100% do PIB em 2025: projeta um rácio de 103,4% em 2023, que recua para 100,3% em 2024 e 97,2% em 2025. No entanto, o ministro das Finanças, Fernando Medina, garantiu na segunda-feira no Parlamento que a dívida iria mesmo ficar abaixo dos 103% este ano, assegurando que a meta de um rácio inferior a 100% em 2024 iria ser cumprida.

O comissário europeu aponta, ainda assim, que espera estar errado. “Gosto da meta de ficar abaixo de 100% que as autoridades portuguesas tinham nos seus planos e que também temos na estimativa, mas apenas em 2025″, salienta.

Apesar destas “pequenas diferenças”, o comissário europeu disse ter tomado nota de que, “apesar da crise em Portugal, as autoridades decidiram continuar e aprovar o OE antes das eleições” agendadas para 10 de março do próximo ano. “Não acho que esta situação vá impactar o investimento no país”, conclui.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha sinalizado na semana passada estar a acompanhar a crise política em Portugal, após a demissão do primeiro-ministro, António Costa, sublinhando que cabe à justiça portuguesa investigar o caso.

O Presidente da República decidiu permitir a aprovação do Orçamento do Estado para 2024, cuja votação final ocorre a 29 de novembro, pelo que o Governo passa a ser de gestão no início de dezembro. O Parlamento será dissolvido em janeiro e as eleições antecipadas estão marcadas para 10 de março.

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