Chega vai avançar com comissão de inquérito ao caso das gémeas na próxima legislatura
André Ventura considera que auditoria realizada pelo Hospital Santa Maria revela que houve interferência "abusiva" do poder político no caso das gémeas que receberam tratamento milionário.
O Chega anunciou esta quarta-feira que vai avançar com uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o caso do tratamento milionário das gémeas luso-brasileiras no início da próxima sessão legislativa.
Segundo o líder do partido, André Ventura, a auditoria interna realizada pelo Hospital de Santa Maria, que revelou que as duas primeiras consultas das crianças foram marcadas na sequência de um telefonema da secretaria de Estado da Saúde, confirma que se tratou de um “ato de abuso de poder” no sistema de saúde.
“Houve, no decurso de um processo que devia ser absolutamente clínico, uma interferência política. Nós precisamos de saber se isto foi um caso único, se isto acontece amiúde ou frequentemente, e porque é que aconteceu neste caso“, afirmou Ventura, em declarações aos jornalistas na Sala dos Passos Perdidos, na Assembleia da República.
Para o presidente do Chega, tendo a consulta sido marcada através de um telefonema de um secretário de Estado, só pode ter sido por António Lacerda Sales ou por Jamila Madeira, os dois secretários de Estado da Saúde da altura. “Jamila Madeira disse que não conhecia sequer o caso; os factos apontam, por isso, para que Lacerda Sales tenha tido alguma intervenção”, conclui.
Além dos intervenientes políticos, André Ventura quer chamar ao Parlamento os pais das gémeas — através de meios digitais, uma vez que se encontram no Brasil –, considerando que “é o mínimo que podem fazer depois de o sistema de saúde ter contribuído com milhões de euros para o tratamento dos seus filhos”.
Ainda que estejam em falta as conclusões da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e do Ministério Público, o líder do Chega argumenta que, neste caso, “uma família economicamente poderosa no Brasil conseguiu convencer algum agente político ou não político português a influenciar o Governo português e que essa influência se materializou numa decisão do secretário de Estado em marcar uma consulta“.
“Este processo é dos mais graves que pode acontecer numa democracia: chama-se corrupção. Temos o preenchimento pleno das condutas típicas dos atos de abuso de poder e de corrupção“, acusou André Ventura.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h30)
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