Escassez de trabalhadores é das maiores dificuldades das empresas, realça estudo
Muitas empresas não têm todo o talento de que precisam, sendo a escassez de profissionais um dos maiores desafios. Isto segundo um estudo da BCG, que ouviu 7 mil líderes, a maioria com funções de RH.
A escassez de trabalhadores não é um problema novo, mas tem persistido e é, neste momento, um dos maiores desafios das empresas de todo o mundo. Este retrato é traçado por um novo estudo feito pela consultora Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a Federação Mundial de Associações de Gestão de Pessoas, que teve por base um inquérito a 6.983 pessoas, a maioria líderes na área de recursos humanos, em 102 mercados.
“Muitas empresas não têm todo o talento de que precisam. As lacunas de talento e a escassez de mãos representam o maior desafio que as empresas enfrentam, tendo sido identificado por 72% das pessoas que responderam ao inquérito“, explica o estudo “Creating People Advantage 2023”.
Também em Portugal as empresas têm reclamado da escassez de mão-de-obra, particularmente desde a recuperação pós pandémica. E até já avisaram que a falta de trabalhadores tem afetado os negócios e a produtividade.
Por outro lado, outro dos desafios identificados nessa análise da BCG está relacionado com a revolução tecnológica em curso, apelando-se a “investimentos inteligentes e proativos“.
No entanto, dos quase sete mil líderes ouvidos, só 35% acreditam que as empresas estão a usar as tecnologias relevantes nas suas funções de gestão de pessoas. E apenas 30% asseguram que os recursos humanos estão a usar os dados recolhidos para antecipar os desafios das pessoas e a lacuna de competências.
Ora, “dado que os requisitos da força de trabalho continuam a mudar em todos os setores, a incapacidade de adaptar as perceções baseadas em dados pode fazer com que as empresas não consigam colmatar as lacunas de talento e assegurar os melhores candidatos”, salienta o estudo agora conhecido.
Além disso, é destacada a importância de, à parte de atrair novos talentos, desenvolver as competências dos trabalhadores já recrutados. “Muitos estão a perder esta oportunidade valiosa“, sublinham os especialistas, sendo que a aquisição de competências e a requalificação caiu cinco lugares nas preocupações dos inquiridos, entre a edição de 2022 e a edição de 2023 deste estudo.
Perante este cenário, a BCG e a Federação Mundial de Associações de Gestão de Pessoas deixam cinco recomendações para as empresas: tirar partido dos dados para planear com precisão a oferta e a procura de talento; Melhorar a aquisição de talento; Investir na aquisição de novas competências (upskilling) e na requalificação (reskilling) da força de trabalho; Criar valor através da Inteligência Artificial; E concentrar-se na gestão da mudança e no desenvolvimento organizacional.
“O maior desafio envolve olhar para o futuro e planeá-lo. Ao mudar o foco para tópicos que geram resultados a médio e longo prazo, as funções de gestão de pessoas podem desenvolver as capacidades certas para moldar a agenda geral da gestão de pessoas da sua empresa de um modo verdadeiramente diferenciado“, remata Philipp Kolo, sócio e diretor associado da BCG, e coautor do relatório, citado numa nota enviada às redações.
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