Desemprego em Portugal sobe pelo quinto mês consecutivo. IEFP já tem mais de 312 mil inscritos
Desemprego registado pelo IEFP subiu 3% em cadeia e mais de 5% em termos homólogos, em novembro. Abrandamento da economia, escalada dos juros e cenário internacional instável estão a causar pressão.
O número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) aumentou em novembro, pelo quinto mês consecutivo. Em causa está uma subida em cadeia de 3%, ultrapassando-se a fasquia dos 312 mil desempregados. O abrandamento da economia, a escalada dos juros e o cenário internacional instável estão a pressionar o mercado de trabalho português.
“No fim do mês de novembro de 2022, estavam registados nos serviços de emprego do continente e regiões autónomas 312.310 indivíduos desempregados. O total de desempregados foi superior ao verificado no mesmo mês de 2022 (+15.587; +5,3%) e no mês anterior (+8.954; +3,0%)”, informou esta quarta-feira o IEFP.
Apesar da inflação e das guerras, o mercado de trabalho português deu provas de resiliência durante vários meses, mas desde o verão que o desemprego registado pelo IEFP está a aumentar, o que, à boleia, está a levar a um agravamento da despesa da Segurança Social com prestações para esses indivíduos, conforme alertou esta semana a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).
Depois de cinco meses consecutivos de recuos, o desemprego registado aumentou em julho e tem mantido essa tendência (ver gráfico abaixo).
Segundo a nota divulgada esta quarta-feira, o aumento registado em novembro colocou mesmo o total de inscritos no IEFP no nível mais alto desde fevereiro de 2023.
Ora, para esse aumento contribuíram, de modo significativo, os inscritos há menos de 12 meses: em novembro, havia mais 21.855 pessoas nessa situação do que no período homólogo.
Já os inscritos há 12 ou mais meses (os chamados desempregados de longa duração) recuaram, havendo menos 6.268 indivíduos nessa situação do que há um ano.
Em termos regionais, em novembro o desemprego aumentou em termos homólogos na globalidade do país, com os Açores e a Madeira a fugirem à regra. Nesses arquipélagos, o número de inscritos nos centros do IEFP diminuiu 14,1% e 24,6%, respetivamente.
Em contraste, no Alentejo o desemprego registado agravou-se em 11,6%, tendo sido esse o aumento mais expressivo de todo o país.
Também em relação ao mês anterior, a tendência registada entre as várias regiões portuguesas foi de subida do desemprego. Mas, neste caso, foram o Centro e Lisboa e Vale do Tejo as exceções.
Por sua vez, no Algarve houve um salto de 62,7% do desemprego registado, o aumento mais significativo entre as várias regiões do país.
Por outro lado, no que diz respeito aos vários setores de atividade, há a notar que o desemprego apresentou face ao mês homólogo de 2022 aumentos tanto na agricultura (+5,0%), como no setor secundário (+8,0%) e no terciário (+6,9%).
A estes dados, o IEFP soma ainda um outro: no final de novembro, havia 13.240 ofertas de emprego por satisfazer registadas nos serviços, menos 16,9% do que há um ano e menos 11,1% do que no mês anterior.
De acordo com os economistas ouvidos pelo ECO, os aumentos recentes do desemprego não surpreendem, tendo em conta o abrandamento da economia, o conflito em curso na Ucrânia e o conflito em curso no Médio Oriente, mas também a escalada dos juros e até a crise política que Portugal atravessa.
Para 2024, os especialistas antecipam novos aumentos do desemprego. Mas, pelo menos, por agora o risco de rutura desse “dique”, nas palavras do Governo e do Banco de Portugal, não é significativo, frisam.
(Notícia atualizada às 12h04)
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