Hertz Portugal reforça frota elétrica em contraciclo com EUA
A Hertz Portugal vai reforçar a frota elétrica, depois de nos Estados Unidos regressar ao veículos a combustão. Contudo, reconhecem-se problemas na reparação e manutenção de veículos elétricos.
A Hertz decidiu vender 20 mil carros da sua frota elétrica nos Estados Unidos, e substituí-los por veículos a combustão, tal como foi noticiado na semana passada. Já a Hertz Portugal indica que, por cá, a trajetória ainda segue no sentido da eletrificação, e que vai mesmo reforçar a frota elétrica em 2024. No entanto, tanto esta empresa como uma associação do setor em Portugal, a ACAP, reconhecem alguns problemas na reparação e manutenção de veículos elétricos.
“A Hertz Portugal vai reforçar a sua frota elétrica este ano”, indica a empresa, em declarações ao Eco/Capital Verde. Para já, o peso destes veículos na frota é ainda inferior a 5%, mas deverá aumentar. Considerando veículos híbridos e híbridos plug-in o peso é superior a 5%, garante a Hertz Portugal, mas sem detalhar.
A empresa de aluguer de automóveis afirma que a fatia correspondente à frota elétrica deverá continuar a aumentar de acordo com o aumento do peso das vendas de veículos elétricos no mercado de automóveis novos em Portugal.
De acordo com os dados da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, em dezembro de 2023 foram matriculados 8.640 automóveis ligeiros de passageiros novos eléctricos, plug-in e híbridos eléctricos, perfazendo um total de 92.395, o que equivale a um salto de 52,7% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Os elétricos em particular dispararam 101,9% no ano passado, face ao ano anterior. “Estes dados indicam um interesse robusto e crescente por veículos eléctricos em Portugal, tanto por parte de consumidores individuais quanto de empresas com grandes frotas”, atesta a associação.
Nos Estados Unidos, a Hertz justificou a venda de 20 mil carros elétricos com a fraca procura e os “elevados custos” de reparação dos automóveis alimentados a bateria. Em Portugal, a Hertz reconhece que “a imobilização das viaturas [elétricas] tem sido superior quando comparada à das viaturas de combustão, em grande parte por causa de atrasos de peças na cadeia de fornecimento”, embora, como a empresa possui viaturas elétricas de várias marcas, não esteja dependente de um único fabricante.
Além disso, acrescenta a Hertz Portugal, a empresa não tem registo e “grandes problemas” na frota elétrica, quer pelo seu peso inferior, quer pelo tipo de utilização e clientes.
No que toca a avarias, a ACAP deixa uma ressalva: os números do crescimento de veículos elétricos “não refletem diretamente as preocupações específicas sobre avarias ou custos de reparação”, que podem variar “consoante os modelos e marcas dos veículos, bem como a utilização e manutenção dos mesmos”.
Balançando os números e as preocupações, “é possível que existam desafios específicos relacionados com a manutenção e reparação de veículos elétricos, mas os dados de matrículas sugerem que, globalmente, o mercado está a responder positivamente à oferta destes veículos”, considera a associação, que não dispõe de dados específicos relativos à frequência de avarias e aos custos de reparação de carros elétricos, nem de uma comparação direta desses números com os carros a gasolina e gasóleo.
Mas será esta decisão da Hertz nos Estados Unidos um sinal de que a mobilidade elétrica é menos promissora do que o esperado na substituição dos veículos a combustão? A ACAP acredita que “a decisão da Hertz de vender uma parte significativa dos seus veículos elétricos e optar por carros a gasolina, conforme reportado, reflete uma avaliação específica e circunstancial desta empresa”, embora reconheça “desafios” na manutenção, reparação e a existência de uma rede eficiente de infraestruturas de carregamento.
Neste sentido, a associação afere que a mobilidade elétrica continua a ser uma alternativa promissora à mobilidade fóssil, especialmente considerando os objetivos de sustentabilidade e redução de emissões de carbono.
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