Trabalhadores da Silopor avançam com greve a 31 de janeiro

A paralisação total, a primeira desde 2009, não deverá causar ruturas de produção. No entanto, o sindicato não descarta outras greves no futuro caso as reivindicações não sejam atendidas.

Os trabalhadores da Silopor, que tem silos portuários na Trafaria (Almada), no Beato (Lisboa) e em Vale Figueira (Santarém) e é responsável pelo armazenamento de mais de metade dos cereais consumidos no país, vão avançar para greve no próximo dia 31 de janeiro. De acordo com o sindicato, não estão afastadas outras paralisações, caso as reivindicações não sejam atendidas.

Na base da decisão, noticiada pelo Jornal de Negócios e confirmada pelo ECO, e que foi aprovada esta segunda-feira, estão três reivindicações que não têm sido atendidas pela comissão liquidatária detida a 100% pelo Estado: integração de trabalhadores temporários nos quadros, a atualização salarial e a progressão na carreira.

Segundo adiantou Célia Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), os trabalhadores vão fazer um “paralisação total a 31 de janeiro”, concentrando-se, primeiro, no terminal da Trafaria, em Almada, e partindo depois para o Ministério das Finanças. Esta ação não deverá causar ruturas na produção, no entanto Célia Lopes garante que neste dia “não haverá nem descargas de navios, nem abastecimento de camiões”.

A principal reivindicação dos trabalhadores, que não fazem uma paralisação total desde 2009, tem que ver com as limitações da comissão liquidatária aos aumentos salariais, que não pode ir além de 5%. Tal como noticiou o ECO este mês, a administração da Silopor está autorizada a subir a massa salarial dos trabalhadores até 5%, tal como as restantes empresas públicas, assegurou o Ministério das Finanças. O CESP, afeto à CGTP, tinha denunciado ao ECO que o Governo tinha excluído a empresa desta orientação pelo facto de se encontrar em processo de encerramento.

Segundo Célia Lopes, apesar do Governo ter permitido à comissão liquidatária a negociação da revisão salarial, as limitações de 5%, que incluem promoções automáticas e outros prémios, “vai limitar a possibilidade de aumentos salariais”.

De acordo com a estimativa do sindicato, há cerca de 30% de trabalhadores em situação de progressão automática, o que significa “que quem vai pagar são as promoções”, prevendo-se que a comissão liquidatária não consiga “aumentos além de 52 euros por trabalhador”, refere Célia Lopes.

Outra das reivindicações dos trabalhadores tem que ver com a integração na Silopor dos trabalhadores temporários. “Os trabalhadores são uma massa significativa. Há 83 trabalhadores no quadro e mais 25 ou 26 que são contratados”, realça Célia Lopes. Trata-se de 30% da força de trabalho, sendo que muitos destes estão em função de prestação de serviços para a Silopor desde 2019, num desrespeito pelas leis laborais, denuncia o sindicato.

Por fim, os trabalhadores querem proceder a uma revisão das carreiras. Atualmente, o acordo de empresa prevê carreiras “muito longas”. “Há trabalhadores que chegam a levar seis anos para poder progredir“, adianta a mesma responsável.

Célia Lopes realça que apesar do Governo estar demissionário, a comissão liquidatária, cujo mandato foi renovado até junho de 2025, tem condições para tomar decisões e fazer cumprir a lei. Questionada sobre futuras ações de greve, refere que “os trabalhadores a cada momento decidirão”. Para já, esta paralisação de 24 horas “é um sinal que os trabalhadores darão que não aceitam que não haja uma resposta às suas reivindicações”.

(Notícia atualizada às 14h40)

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