Bancos reduzem exposição à dívida pública em dois mil milhões em dezembro

Bancos reduziram exposição à dívida pública portuguesa em mais de dois mil milhões de euros no último mês do ano passado no âmbito da "operação secreta" do Governo para deixar rácio abaixo dos 100%.

Os bancos reduziram a sua exposição à dívida das administrações públicas em mais de dois mil milhões de euros no mês de dezembro, no âmbito da “operação secreta” do Governo para colocar a dívida pública abaixo da fasquia de 100% do PIB no final do ano passado.

De acordo com o Banco de Portugal, os bancos residentes detinham nos seus balanços aproximadamente 21,7 mil milhões de euros em títulos de dívida emitidos pelas administrações públicas portuguesas em dezembro, o que representa uma redução de 2,04 mil milhões de euros em relação a novembro.

Esta redução enquadra-se na “operação secreta” levada a cabo pelo Ministério das Finanças na reta final do ano passado para reduzir a dívida pública para um patamar inferior aos 100% do PIB, dados que vão ser confirmados esta quinta-feira pelo supervisor liderado por Mário Centeno.

Uma parte desta operação planeada por Fernando Medina passou pelo pagamento das dívidas dos hospitais junto dos fornecedores. Outra parte passou pela recompra de dívida pública aos bancos e seguradoras por parte do Tesouro português, no que foi entendido como um “desígnio nacional” pelos banqueiros, que acederam ao pedido do Governo e venderam parte da sua carteira de títulos em dezembro. Esta semana, o CEO da Caixa, Paulo Macedo, considerou que será um “marco importante”. O peso da dívida pública deixa de ser uma “questão que não nos puxa para baixo”, explicou.

Banca reduz exposição à dívida pública

Fonte: Banco de Portugal

A expectativa do Governo é que a dívida pública tenha baixado para cerca de 99,5% do PIB, depois de ter atingido os 107,5% no final do terceiro trimestre.

Em relação ao final de 2022, os bancos reduziram a exposição à dívida pública nacional em 2,4 mil milhões de euros ao longo do ano passado, com grande parte desta redução a acontecer no último mês do ano (confirmando a operação secreta de Medina).

Desde março de 2011, ou seja, no mês anterior ao pedido de resgate internacional, que os bancos não tinham tão pouca dívida pública portuguesa, mostram os dados do Banco de Portugal.

A aquisição de títulos de dívida, em especial papel comercial de obrigações, é uma forma de os bancos financiarem a economia — além dos tradicionais empréstimos às empresas e famílias.

Os bancos residentes detinham 129,7 mil milhões de euros em títulos de dívida no final de 2023, mais 4,3 mil milhões em comparação com o final de 2022. Os bancos detinham não só dívida pública portuguesa, mas também dívida de outros países (49,3 mil milhões) e ainda dívida de empresas (14,8 mil milhões) e de instituições financeiras (43,8 mil milhões).

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