Milhares de agricultores protestam em Varsóvia para exigir mudanças no setor

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2024

Os cartazes do protesto atacam os "ingratos" ucranianos e insultam as instituições europeias, assim como avisam para a "fome que a Europa sofrerá" se as exigências não forem satisfeitas.

Milhares de agricultores polacos manifestaram-se esta terça-feira em Varsóvia para protestar junto do gabinete do primeiro-ministro, Donald Tusk, e exigir alterações nas políticas aplicadas ao setor. Uma delegação dos manifestantes, que nas contas da polícia ascendem a 10 mil, enquanto os próprios referem 50 mil, foi já recebida pelo presidente do Parlamento, Szymon Holownia.

Os manifestantes entregaram uma urna com cinzas, que simboliza a “morte do campo polaco”, a Holownia, que pediu aos agricultores que “estejam conscientes de que nem tudo está a correr como deveria” devido à invasão russa na Ucrânia, e garantiu-lhes que “em breve o ministro da Agricultura, Czeslaw Siekierski, irá contactá-los para os informar” sobre as negociações a decorrer com Bruxelas.

Os manifestantes, que na sua maioria deixaram os tratores em casa e a quem se juntaram representante de mineiros e caçadores, estão contra as políticas da União Europeia (UE), assim como contestam as importações de cereais e outros alimentos baratos da Ucrânia. Os agricultores querem ainda que a Polónia abandone o Acordo Verde da UE, porque consideram ser demasiado dispendioso aplicar medidas do plano destinado a combater as alterações climáticas.

Nos cartazes mostrados no protesto podiam ler-se acusações contra os “ingratos” ucranianos e insultos contra as instituições europeias, assim como avisos sobre a “fome que a Europa sofrerá” se as exigências não forem satisfeitas. Encontrando-se em Praga para uma reunião com o seu homólogo checo, Tusk referiu ser justificada a indignação e que os países estão a trabalhar com Bruxelas para encontrar soluções para as exigências dos agricultores.

O chefe de governo acrescentou que a Polónia e a Republica Checa pretendem ajudar a Ucrânia, reconhecendo paralelamente os “efeitos negativos” que a produção ucraniana tem sobre os agricultores locais. Os agricultores polacos também bloquearam parcialmente um ponto de passagem fronteiriço com a Eslováquia, à semelhança do bloqueio segunda-feira junto da fronteira com a Alemanha.

A tensão continua em algumas passagens para a Ucrânia, como Medyka, onde foram atacados camiões de transporte de cereais da Ucrânia, vandalizando a carga. Em vários países, incluindo Portugal, os agricultores têm protestado e garantiram que o setor é um dos temas políticos nas próximas eleições europeias, que decorrem entre 6 e 9 de junho. A Comissão Europeia já avançou com algumas concessões, como o adiamento da redução do uso de pesticidas e lançou um inquérito aos agricultores e pequenos fornecedores de cadeias de abastecimento para avaliar as práticas comerciais desleais.

Os ministros da Agricultura da UE aprovaram, na reunião realizada na segunda-feira, um primeiro pacote de medidas imediatas destinado a aliviar a carga burocrática exigida para os pagamentos diretos e desobrigar do cumprimento de pousio das terras os produtores de leguminosas.

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