Putin avisa Ocidente para risco de conflito nuclear com envio de tropas para a Ucrânia

  • Lusa
  • 29 Fevereiro 2024

"Agora, as consequências para os potenciais intervencionistas serão muito mais trágicas", advertiu o presidente russo, acusando o Ocidente de fazer ameaças que poderão levar a um conflito nuclear.

O Presidente russo, Vladimir Putin, aproveitou esta quinta-feira o discurso anual sobre o estado da nação para reafirmar ameaças contra o Ocidente, incluindo de um conflito nuclear, e a confiança numa vitória militar na Ucrânia. No plano interno, Putin prometeu combater a pobreza, admitiu a existência de 13 milhões de pobres no país de cerca de 140 milhões de habitantes, e anunciou apoios às famílias mais carenciadas.

Vladimir Putin, 71 anos, há mais de duas décadas no poder, é candidato a um quinto mandato nas eleições presidenciais que se realizam de 15 a 17 de março, com a reeleição praticamente garantida dada a ausência de oposição. Putin começou o discurso anual, de cerca de duas horas, com a promessa de uma vitória na guerra contra a Ucrânia, onde disse que as tropas russas avançam “com confiança” em várias frentes.

Dois anos depois do início da “ofensiva militar especial”, a designação oficial da invasão, assegurou que nenhum soldado recuará nem trairá a Rússia. “Acredito nas nossas vitórias e nos nossos êxitos, acredito no futuro da Rússia”, afirmou. O Ocidente voltou a ser um dos alvos, com Putin a advertir que o país tem armas que podem alcançar países ocidentais, numa alusão a armamento fornecido à Ucrânia capaz de atingir território russo.

Putin respondeu também à possibilidade do envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, admitida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, lembrando que a Alemanha o fez durante a Segunda Guerra Mundial sem êxito. “Agora, as consequências para os potenciais intervencionistas serão muito mais trágicas”, advertiu, acusando o Ocidente de fazer ameaças que poderão levar a um conflito nuclear, “o que significaria a destruição da civilização”.

Acusou o Ocidente de práticas coloniais e de procurar impedir o progresso da Rússia, replicando no país “o que fizeram em muitos outros”, incluindo a Ucrânia. “Querem (…) semear a discórdia na nossa casa e enfraquecer-nos a partir de dentro”, denunciou, elogiando a “firme resolução e determinação” do povo russo.

Disse que a ofensiva na Ucrânia tem permitido às forças russas adquirir “muita experiência em termos de coordenação de todas as alas militares, bem como de domínio das mais recentes táticas e métodos de guerra”. Putin reafirmou também a disponibilidade da Rússia para dialogar com os Estados Unidos sobre “questões de estabilidade estratégica”, mas acusou Washington de “tomar medidas abertamente hostis” em relação a Moscovo.

Criticou o que qualificou como hipocrisia do Ocidente ao fazer “alegações infundadas” sobre planos russos para instalar armas nucleares no espaço. Lembrou que a Rússia fez uma proposta para um acordo sobre a questão em 2008, sem nunca ter obtido resposta. “Estas narrativas falsas (…) têm por objetivo envolver-nos em negociações sobre as suas condições, que apenas beneficiarão os Estados Unidos”, afirmou.

Acusou ainda os Estados Unidos “e os seus satélites” de terem desmantelado o sistema de segurança europeu e manifestou o interesse da Rússia na criação de “um novo contorno de segurança igual e indivisível na Eurásia”. “Ao mesmo tempo, gostaria de reiterar (…) que não é possível uma ordem internacional duradoura sem uma Rússia forte e soberana”, afirmou. Com as eleições de março em vista, anunciou um novo projeto nacional de apoio à natalidade, a que chamou “Família”.

“Uma família com muitos filhos deve tornar-se a norma”, disse, ao elogiar os “valores tradicionais” da sociedade russa. Putin disse ainda que o salário mínimo no país deverá duplicar até 2030, atingindo o equivalente a cerca de 360 euros, e prometeu investimentos na educação e saúde.

O discurso ocorreu na véspera do funeral do principal opositor de Putin, o ativista anticorrupção Alexei Navalny, que morreu na prisão em 16 de fevereiro em circunstâncias obscuras. Putin, que nunca mencionou o nome de Navalny em público, ainda não comentou a morte do ativista de 47 anos, que chocou os países ocidentais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Putin avisa Ocidente para risco de conflito nuclear com envio de tropas para a Ucrânia

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião