Insolvências de empresas caíram 3,6% no mês das eleições em Portugal

Apesar da ligeira melhoria em março, que interrompeu o ciclo de aumento de casos em Portugal, no acumulado dos três primeiros meses do ano as insolvências de empresas aumentaram 26%, para 1.154 ações.

No mês em que se realizaram eleições legislativas antecipadas, o número de insolvências baixou 3,6% face ao mesmo período do ano passado, com a Iberinform a registar um total de 350 ações. Em conjunto, Porto e Lisboa concentraram mais de metade dos casos (51%), seguidos dos distritos de Aveiro (14%) e de Braga (13%).

A ligeira melhoria no mês de março foi, no entanto, insuficiente para inverter a trajetória negativa neste indicador no arranque de 2024. Neste período em que o Governo esteve em gestão e que coincidiu com a campanha eleitoral, as insolvências aumentaram 26% em termos homólogos, para um total de 1.154 ações.

Por tipologia de ações, o primeiro trimestre fechou com uma subida de 72% nas declarações de insolvência requeridas por terceiros, enquanto as declarações de insolvência apresentadas pelas próprias empresas aumentaram 108%. Entre janeiro e março, os encerramentos com plano de insolvência aumentaram 150% e foi declarada a insolvência de 620 empresas, o que correspondeu a menos 16 processos encerrados face a 2023.

De acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela consultora Iberinform, filial da Crédito y Caución, só sete distritos ou regiões apresentaram decréscimos no total de insolvências nos três primeiros meses do ano: Horta (-100%); Portalegre (-75%); Évora (-54%); Madeira (-33%); Leiria (-20%); Viana do Castelo (-1%) e Setúbal (-6%). Em termos absolutos, Porto (322 casos, +82%) e Lisboa (266, +26%) apresentaram os valores mais elevados.

por setores, os mais penalizados no acréscimo de empresas insolventes foram a indústria transformadora (60%); eletricidade, gás, água (50%); comércio a retalho (26%); construção e obras públicas (19%); hotelaria e restauração (19%); transportes (17%); e o comércio de veículos (9,4%). Só dois setores fecharam o trimestre com uma diminuição no indicador das insolvências: indústria extrativa (-67%) e agricultura, caça e pesca (-52%).

Indústria extrativa e telecomunicações ganham empresas

No que toca à constituição de novas empresas, o movimento foi contrário ao das insolvências. Em março de 2024, face ao mesmo período do ano passado, houve menos 1.678 empresas a serem criadas (-31%, para um total de 3.753), mas o mês foi de aceleração das perdas neste indicador. É que, no total do primeiro trimestre, o decréscimo homólogo foi menos significativo (-9,2%), passando de 15.568 para 14.142 novas empresas constituídas até março de 2024.

Ainda assim, Lisboa e Porto foram os distritos mais dinâmicos. A zona da capital acolheu o número de constituições mais significativo, com 4.325 novas empresas (-16% face a 2023), enquanto a região da Invicta ganhou 2.462 novas empresas (-2,6%). Em contraciclo com os restantes, os setores mais empreendedores neste período foram a indústria extrativa (+250%); as telecomunicações (+70%) e a construção e obras públicas (+5,4%).

Allianz Trade prevê subida das insolvências empresariais em 2024 e 2025

Depois de dois anos com valores anormalmente baixos que refletiram o efeito de “almofada” que tiveram muitas das medidas de apoio às empresas implementadas no período pandémico, o número de insolvências em Portugal disparou entre 14% e 18% em 2023, com quase 2.000 empresas a entrarem neste tipo de processos.

Em declarações ao ECO, André Granado, administrador executivo da COSEC, descreve um aumento “consistente” do número de insolvências em Portugal, com as micro e pequenas empresas (faturação abaixo dos 500 mil euros) de serviços, construção, retalho e têxteis a serem as mais afetadas por este fenómeno, representando em conjunto 60% do total.

A Allianz Trade, que recentemente adquiriu a participação de 50% do BPI para se tornar acionista única da empresa especializada em seguros de crédito e de caução, prevê que o “prolongamento de uma dinâmica económica frágil poderá continuar a exercer pressão sobre as empresas mais vulneráveis, projetando uma subida das insolvências empresariais de 19% em 2024 e de 10% em 2025 – acima do nível global (9% e 0%, respetivamente).

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